23/05/81 • OS PRIMEIROS PASSOS
Década de 80 > 1981
Meu
Filho Jaguar:
Pondera
o chão dos teus pés, e verás que todos os teus caminhos serão
retos. Porque filho, a nossa pista é longa e por cima dela estamos a
apagar os nossos rastros.
Confio
em vós outros na evolução dessa Corrente, porque o Pai Seta Branca
não segurou minha mão, mesmo nos primeiros passos de minha vida
Iniciática.
Os fenômenos, somente, não nos esclarecem, Pelo contrário, nos trazem conflitos.
Só tomamos conta de nós, nas coisas que caem em nossa individualidade, que remoemos junto ao coração.
Vou contar a você filho, como tudo começou dentro de mim.
Sim, filho, a minha personalidade marcante, científica, não me dava trégua. Vivia a comparar se tudo ou todas aque-
las visões não passassem de uma estafa absurda.
Eu estava com dois caminhões.
Conversando com o Dr. Saião, ele ventilou a hipótese de ir a um psiquiatra. Tudo muito bem, saí dali conformada, que tudo era de minha cabeça. Dr. Saião me tinha com uma filha e compreendia o meu conflito, também desconhecido para ele.
Passando pela Vila do IAPI, entrei. Era um acam-
pamento de hospital, de socorro, depois de um grande custo, me sentei em frente do cientista e fui me expondo, contando tudo que se passava comigo.
Sentia que “alguém” vinha nos perturbar. Realmente alguém chegou em minhas costas. Era o pai do psiquiatra, que havia morrido há 62 dias. Comecei a ficar com a voz ofegante e aquela situa-
ção me oprimia. Como explicar o que eu estava sentindo, ao jovem médico?
Comecei a fazer mímicas, apontando com o polegar, o lugar, o mortinho ao meu lado.
Ele apenas dizia: – NÃO É NADA! NÃO É NADA!
Porém, quando eu fazia menção de me levantar, eu notava que ele se resguardava com medo. E o mortinho insistia: – DIGA, DIGA QUE EU SOU JUCA, O SEU
PAI, DIGA… – nada dizia eu.
Alto: – NADA, CHEGA DE VOCÊS FIGURINHAS, ME COLOCAREM EM RIDÍCULO!
O médico disse alto: – QUIETINHA… QUIETINHA! – fiquei quieta e começamos novamente – QUANTOS ANOS TEM? – disse-me, perguntou.
– TENHO… VOU FAZER 34 ANOS.
De repente o mortinho voltou e eu lhe disse: OLHA DOUTOR, TEM UM MORTINHO QUE DIZ SE CHAMAR JUCA, E É O SEU PAI
E QUE TEM 62 DIAS QUE MORREU…
Foi então que tive a maior prova. O médico se levantou, quase gritando: – É REALMENTE MEU PAI, MEU ADORADO PAIZINHO…!?
Quebrei a porta do escritório, não sei como, e saí dali pior do que cheguei.
O fenômeno tão real não me serviu…
Já na minha casa, chorava sem esperanças. Mais ou menos três dias depois, fui trabalhar.
Peguei o caminhão e fui descendo a Primeira Avenida. Senti que havia atropelado alguém. – Cidade Livre – Um guarda que estava ali perto, chegou dizendo: – logo que eu falei o que se passava comigo – “PROCURA UM TERREIRO, MORENA…”
Desci dali, conflito, conflito… Desci até o bar do japonês e resolvi lavar o carro e não trabalharia mais. Fiquei na porta do bar, que era também
posto. Em frente; um estacionamento de uma única empresa de ônibus e algumas pessoas esperavam o carro para partir em diversos lugares.
Nisto eu vi na cabeça de um jovem de mais ou menos 26 anos, como uma imagem de televisão; uma mulher de vestido branco de bolas vermelhas, e que se movimentava, fechando uma sombrinha azul escura.
Vi os dois se beijando, porém, o jovem embaixo deste quadro não se movimentava. Alguns segundos depois eu vi a mulher virando uma esquina. Sim! Ela chegou e fechou a sombrinha e os dois se beijaram. Sim! Vi detalhe, por detalhe, por detalhe… Nisto uma voz soprou em meu ouvido: – TENS O PODER DE PREVER O FUTURO E O PRESENTE!
De repente, enquanto os dois estavam…
Vi o ônibus chegando, vi os dois entrando e vi tombando e vi 6 mortos, inclusive a mulher do vestido de bolinha. Era claro que iriam morrer, a curva era ali perto.
NÃO DEIXAREI – e assim pensando em salvá-los, segurei no braço do jovem e puxei-o para dentro do bar. A mulher veio em cima de mim, me descompondo. E eu me
limitava apenas a dizer: QUERO SALVAR VOCÊS! - porém era pior.
Nisto, o ônibus chegou e partiu. Não sei o que me vinha, apenas me defendia. Nisto o japão e sua esposa vieram ou meu encontro e eu disse o que aconteceu comigo, o que vira. Porém a curva era ali perto e logo tudo terminou. Enquanto ela me descompunha por ciúmes de mim, eu emergia em
meus pensamento: – SERÁ VERDADE?… COMO TERMINARÁ TUDO ISTO?… MEU DEUS!…
Logo ouvimos o barulho; o ônibus tombara matando quatro pessoas. Foi o pior espetáculo; gritos, correria; e o casal, o japonês… todos agradescendo, porém eu não sabia o que me ia na alma. Somente uma coisa… – CONHEÇO O PRESENTE, O PASSADO, E POSSO EVITAR O FUTURO, SE DEUS PERMITIR…
Saí dali sem saber. Caminhava só, somente só. Pensava: ADEUS MINHA MOCIDADE!… PORÉM, SEJA O QUE DEUS QUISER!…
Apesar das pessoas me assediarem com pedidos, me aborreciam… porém de uma coisa eu estava certa: pisava ponderadamente no chão e tinha dentro de mim a Individuali
dade. O meu raciocínio descobrio o que significava a minha missão.
Sim filho! Devagar chegamos na nossa realidade.
Com carinho, a Mãe em Cristo.,