Egoísmo - Acervo Koatay 108

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Egoísmo

               
       Um dos maiores obstáculos para a evolução e o desenvolvimento do Homem é o egoísmo, fator que cada um de nós porta em maior ou menor grau, e que consiste na ignorância dos direitos e do bem-estar dos outros, e que sempre está acompanhado por outros aspectos negativos da personalidade humana: orgulho, inveja, vaidade, ambição, avareza e despeito, bem como neuroses, neurastenia, obsessão e autointoxicação.
       Todo ser humano é composto por dois campos distintos e sempre conflitantes: o EGO, material e formador da personalidade, e o EU, o lado espiritual, agente da espiritualidade e formador da alma.
       O egoísta é aquele que sempre quer tudo só para si, sem se importar com as necessidades do seu próximo, sem sequer aprender a amar, a partilhar ou a compartilhar, gerando ódio, descontrole ao seu redor.
       Huberto Rohden disse que “todo egoísta é como um cão que se deita sobre o alimento dos bois, que não é alimento para ele, e ao mesmo tempo impede que os animais comam a comida deles. O egoísta faz mal a si mesmo e faz mal aos outros.”
       É uma vítima da vaidade e do orgulho, da inveja e do pessimismo, da incontrolada presunção.
       É o solipsismo, isto é, uma doutrina que só admite a existência do eu individual que pensa.
       Normalmente estamos sujeitos a duas forças: o egocentrismo, que nos dá a liberdade mas a não união com os outros, e o amor, que une e harmoniza, reequilibrando a ação do egocentrismo. Quando o amor está enfraquecido, assume o poder o egocentrismo, gerando o egoísmo.
       O egoísmo gera desconfiança e intranquilidade, levando o ser humano ao triste isolamento pela falta de amizades, da fraternidade que deveria existir, pelo menos, em seu lar. O egoísmo é uma forma de encolher-se diante do mundo e sempre nos leva a ficar dependentes de resultados externos.
       Aquele que se propõe a ser um médium ativo na Doutrina do Amanhecer deve buscar combater o egoísmo de todas as maneiras, pois onde há egoísmo não há amor, nem tolerância e nem humildade. Uma das raízes do Amanhecer, a Indiana, há séculos já ensinava: O Homem que, abandonando todo desejo, livra-se do apego, do egoísmo e do sentimento de propriedade, alcança sua paz interior.
       Assim, se for egoísta, procurará construir um castelo sobre o nada, pois lhe faltarão as bases de nossa Doutrina.
       Em Mateus (XXII, 34 a 40), nos é dito: “Mas os fariseus, quando ouviram que Jesus tinha feito calar a boca aos saduceus, se reuniram em conselho. E um deles, que era doutor da lei, tentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é o grande mandamento da Lei? Disse-lhe Jesus: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o máximo e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os Profetas!”
       Essa a obrigação primordial que temos: amar a nós mesmos, e quando Jesus falou em “amar” descartou plenamente o egoísmo, que não compreende o amor.
       Nem mesmo podemos aceitar algumas ideias que correlacionam o egoísmo com o amor de si próprio. Amor e egoísmo são diametralmente opostos.
       Na parábola dos talentos (Mateus, XXV, 14 a 30), nos é revelado o egoísmo do servo que recebeu o talento e o escondeu na terra, devolvendo-o ao dono sem qualquer rendimento, achando que havia feito o correto, ao contrário dos outros que aplicaram o dinheiro e o multiplicaram. E Jesus disse: “Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem lhe será tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes!”
       Isso se refere àquele que recebe sua mediunidade e, por egoísmo, não se dedica à caridade, não multiplicando o valor que recebeu da Espiritualidade Maior.
       O egoísta não se ama: apenas quer tudo para ele, somente vê seus próprios interesses, suas próprias necessidades, sem nunca saber o que é amor!
       Geralmente, a ignorância conduz ao egoísmo, agregando-o cada vez mais fortemente à personalidade.
       Todos temos uma certa dose de egoísmo, radical ou psicossomático, que aprendemos a controlar, pois atua como uma forma natural da autopreservação e conquista do nosso desenvolvimento.
       O egoísmo é incompatível com o amor, com a caridade e com a justiça, sendo gerador de muitos males e vícios.
       O médium do Amanhecer não poderá, jamais, ser egoísta, porque se só pensar em si mesmo se perderá nas trevas de sua insensatez.

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