FAZENDA TRÊS COQUEIROS - Acervo Koatay 108

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FAZENDA TRÊS COQUEIROS

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FAZENDA TRÊS COQUEIROS
    Havia nas imediações de Angical uma enorme fazenda, na época, a famosa Fazenda Três Coqueiros, pertencente a Alfredo e Márcia, recém-casados, que a receberam como herança.
    Do outro lado da Fazenda Três Coqueiros, havia uma cachoeira que era o limite desta Fazenda com a dos FERREIRAS. Esta nobre e rica família dos FERREIRAS, era gananciosa e cada um queria ser o mais rico, o maior, pois, a vaidade e o orgulho eram às suas características.
    Naquela região perto dos FERREIRAS havia inúmeras fazendas, grandes e pequenas, pertencente a família que eram aliadas aos FERREIRAS, e participavam das mesmas ideias cheias de maldade e ódio, pois a cobiça e a inveja fazia com que eles só pensassem em fazer o mal aos daquela grande e bela fazenda Três Coqueiros.
    Eram rixas transcendentais. Os FERREIRAS e os seus aliados sustentavam o Ódio arraigado em seus corações. Estas' duas famílias estavam sempre em choques e os aliados faziam trincheiras e tocaias, provocando inúmeras mortes e destruições. Ãs mortes, porém, eram só de escravos. (Como, diziam eles, escravos são pagãos, não merecem bom trato; eram comprados como um animal qualquer).
    Certo dia Márcia, saiu a passear a cavalo e foi até a cacho eira, ficando admirada com a beleza daquele lugar, daquela linda cachoeira. Sim, ali fora a antiga Cachoeira do Jaguar, de Pai Zé Pedro Pai João e das Princesas.
    Sabia-se que ali existiu um fenômeno a cem anos atrás. Mar cia que era uma médium de grande percepção, parou e, deslumbrada, disse: É verdade, ali existiu um grande fenômeno de alguns escravos.
    Nisso Valdemar Ferreira chegou e abraçando Sinhazinha pelas costas disse: Ali houve um grande fenômeno, dizem os antigos; de uns Pretos Velhos forasteiros.
    Imediatamente Márcia lembrou-se que Valdemar Ferreira era o mais triste dos inimigos de seu marido e lembrou-se que seu esposo lhe havia dito que ela jamais pisasse ali. Ela saiu correndo e o destino pregou-lhe uma peça: Um pequeno escravo de Valdemar, viu Márcia ali com Valdemar e contou tudo a Alfredo. Márcia já esperava um filho de Alfredo. Todos aqueles escravos de Valdemar odiavam a Fazenda

Três Coqueiros, por inveja, porque a vida dos escravos de Alfredo era boa, eles levavam uma vida normal. Até mesmo os feitores de Alfredo eram bem tratados e eram bons para os escravos, o que não acontecia com o povo dos FERREIRAS.
    Certo dia, o filho de Zefa, da Fazenda Três Coqueiros, começou a namorar uma crioula, escrava dos FERREIRAS. Os escravos… dos FERREIRAS, se voltaram contra o filho de Zefa, o esfaquearam e o co locaram à porta de Alfredo, deixando um bilhete no qual dizia que não queriam aquele cachorro lá. E mais, disse que quando o menino de Márcia nascesse, o mandasse para Valdemar.
    Márcia cansada e cheia de dores por causa da gravidez. já adiantada, ouvindo os gritos de Zefa,.correu ao encontro da velha es crava. É que Alfredo, encontrou o rapaz esfaqueado e vendo o bilhete ficou cheio de ira e mandou que jogassem o rapaz no pasto longe da Casa Grande. Mãe Zefa, havia encontrado o filho e gritava por Mareia para que ela tomasse conta do doente. Márcia mesmo cheia de dores, foi ajudar Zefa e saiu com Pai Zé Pedro para buscar o pobre escravo, que havia passado à noite ao relente e os urubus já sobrevoavam sobre seu corpo.
    A bondosa Sinhazinha mandou que levassem o rapaz para dentro de casa, e houve um caso de desintegração: Márcia passou com o doente perto de Alfredo e este não os viram.
    Assim que Alfredo encontrou-se com Márcia sem explicar, mandou que ela fosse para a senzala e fez um cercado de grade, prendendo Sinhazinha ali, mandou que Mãe Tildes cuidasse dela. Mãe Tildes era confidente e grande amiga de Márcia. Tão logo o filho nascesse ele o mandaria para Valdemar.
    Márcia cativou todos aqueles escravos com seu amor e dedicação. Quando Zé Pedro, o velho Nagô, chegou para falar com Márcia, ela antes perguntou. Quero é este homem? E Mãe Tildes respondeu. – É um velho Nagô que recebe espírito no lombo. Pai Zé Pedro chegando e dizendo: – Não Sinhazinha, não precisa ter medo. E virando-se para Mãe Tildes deu um muchocho “linguaruda, conversa demais”.
    Márcia, porém, viu que o Velho Nagô tinha uma força do céu e se afinou com ele.
    Numa manhã, o sol já brilhava encantando com os seus raios toda beleza daquela fazenda, eis que Márcia, começou a passar mal e, mais tarde a criança nasceu. Num reboliço muito, grande, os Pretos Velhos se mobilizaram. E, quando Mãe Tildes viu aquela criança passou

 
a mão nela, enrolou-a numa coberta e levou-a para Mãe Zefa, lá no meio do cafezal dizendo: Vai Zefa, leva este menino, porque Alfredo vai matá-lo.
    Zefa, saiu correndo com o menino e o levou para a casa dos FERREIRAS que, sem saber o que estava acontecendo, o entregou a Si nhazinha, mãe do Valdemar. Esta nunca poderia revelar que aquela criança fosse filho de Alfredo. E, um grande segredo se passou entre Mãe Zefa e Emerenciana. Zefa foi embora e nunca mais se teve notícias dela.
    Quando Mãe Tildes voltou do cafezal, levou um susto pois, Márcia havia ganho mais uma criança, uma linda menina, eram gêmeos. E Mãe Tildes começou a chamar a linda menina de Marcinha.
    Alfredo vendo a dor tão grande de Márcia acreditou que ela era inocente. Márcia não sabia que havia tido duas crianças e acreditaram os dois que só tivessem aquela menina. Alfredo, inclusive, morreu pensando que só tinha aquela menina.
    Certo dia o crioulo apareceu para dar satisfação onde estava o menino. Mãe Tildes sofria sem saber se devia revelar o segredo a Mareia. Foi perguntar ao Nagô e este disse-lhe que não, ela jamais poderia revelar a verdade. Era um erro ela querer assumir a dívida poderia revelar a verdade. Era um erro ela querer assumir a dívida de Mareia. Por outro lado, Mãe Tildes desconfiava de Márcia, quando viu o menino, pensando que ele fosse filho de Valdemar, pois parecia demais com aquele senhor.
    O Nagô mandou chamar Márcia e disse que ela voltasse para a Casa Grande, porque seu marido ia ficar louco e teria um fim muito triste. Márcia saiu dali com o coração apertado, sabia que Alfredo não tinha condições de continuar aquela vida.
    O tempo passou ligeiro e Alfredo morreu louco. Márcia en clausurou-se naquela casa.
    Marcinha, já mocinha começou a namorar o filho de Valdemar. Quando o rapaz entrou em casa, Mãe Tildes foi correndo a Pai Zé Pedro e disse-lhe que estava perdida, pois tinha cortado o carma de Márcia e agora estava vendo Marcinha casar-se com o irmão. Nisso a porta se abre e Marcinha feliz, abraça Pai Zé Pedro e Mãe Tildes, dizendo-lhes que ia se casar; ele quer casar-se comigo, e continuou:
    -"O Coronel Valdemar, tem dois filhos, sabe, o mais novo tem o dedo emendado, pregado um no outro, mas este não tem, este é perfeito e não parece nada com o outro

 
 
     Pai Zé Pedro falou: Não lhe disse Matildes, que a grandeza de Deus não tem limites?… Este não é o filho de Márcia. E Mãe Tildes perdeu a voz atê que Marcinha se casou com aquele rapaz.
    Márcia não soube a verdade sobre seu filho até o dia em que Emerenciana o revelou. Jacó tinha dois dedos emendados, que era a prova do filho legal de Alfredo, este tinha também os dois dedos pre gados um no outro.
    No dia do casamento de Marcinha, veio a Lei Áurea, a abolição da escravatura, e foi uma terrível confusão. Tiros e brigas. D. Amália, morreu, esposa de Valdemar. D. Emerenciana, na hora de mor rer, mandou chamar Márcia e revelou o seu segredo: Jacó era seu filho. Contou toda a verdade. Márcia antes de morrer abraçou seu filho Contou toda a verdade. Márcia antes de morrer abraçou seu filho Jaco cheia de emoção.
    Mãe Tildes que era um espírito evoluído, teve que pagar ainda essa pena. A culpa de ter reparado um carma indevidamente. Eis o que acontece com quem corta ou interfere nos destinos dos outros.
    O pessoal de Alfredo, aqueles escravos, aquela gente que ou via Valdemar, culpando os PEREIRAS, da Fazenda Três Coqueiros se lançaram contra a Fazenda Três Coqueiros, ficando pela força de Deus, apenas Mãe Tildes, Pai Zé Pedro, Uraí e Urail. O Nagô fugiu com Mãe Tildes e as duas crioulas para a Fazenda Cafeeira.
    Marcinha, casada, levou consigo se irmão Jacó. Foi uma mortandade tão grande que no outro dia exalava mau cheiro daqueles cadáveres. Veio então a Volante, polícia Baiana e com dificuldades se reajustaram com aquela gente.
    Na Fazenda dos FERREIRAS, ninguém triscava a mão. Vieram de longe os velhos Coronéis e Sinhozinhos. Pais de Alfredo e Márcia, queriam levar consigo os netos Marcinha e Jacó, estes porém, não quiseram voltar.
    Todos que passavam por ali, falavam da triste tragédia da quele povo. Povo esse, espíritos espartanos vindos de nossa origem e aqui não suportaram as velhas rixas.
    Os FERREIRAS, alguns que fugiram continuavam a se entrincheirar para novas tragédias. Mãe Tildes e Pai Zé Pedro fugiram dali para o Angical.
    Por hoje é só. Aqui estão os que se precipitaram, os malvados desta tragédia. Ainda faltam componentes desta história.

 
   Neste instante, porém, diante dos senhores e das senhoras, não posso avaliar quais dos senhores foram FERREIRAS e quais foram PEREIRAS:
    Salve Deus!
    Só Deus neste instante poderá avaliar quem foram.

 
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