INCONFIDÊNCIA MINEIRA - Acervo Koatay 108

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INCONFIDÊNCIA MINEIRA

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         Minas Gerais, 1789! Estamos entrando no último século do período Colonial, quando o Brasil era governado por Vice-Reis.

         O Século XVIII foi muito importante na história da progressista colônia portuguesa, época de grandes poetas, grandes artistas e grandes realizações de espíritos missionários. Uns foram amados, outros odiados…

         É nesse quadro de grandes acontecimentos que vamos encontrar estes prisioneiros da Espiritualidade Maior, que se encontram neste Julgamento, como ilustres e altivos habitantes da aurífera cidade de Vila Rica, em Minas Gerais.

         À medida que o tempo passava, o ódio e a revolta contra a dominação portuguesa só faziam aumentar, nestes prisioneiros, a ideia da libertação. As notícias vindas do Velho Mundo sobre a independência das colônias inglesas e a Revolução Francesa entusiasmavam aquele povo mineiro.

         Entretanto, havia uma outra razão, bem mais forte, para impulsionar estes rudes prisioneiros: a cobrança ao povo do tributo sobre a exploração do ouro nas minas daquela capitania, que há muito deixara de ser paga. Era a chamada derrama, ou Quintos Régios, arbitrada pela Coroa Portuguesa, o que descontentou toda aquela gente, criando tremenda expectativa em todas as camadas daquela sociedade.

         Apoiados naquele pretexto, que consideraram mais do que suficiente para justificar uma rebelião, esses prisioneiros e prisioneiras imediatamente arquitetaram um plano diabólico.

         A ideia da conspiração patriótica partiu do jovem diplomado em Filosofia, JOSÉ ÁLVARES (Dr. Bolívar), recém chegado da Europa, que, inicialmente, encontrou apoio dos seguintes insurgentes:
FRANCISCO OLIVEIRA (Lacerda), Alferes da tropa militar;
JOÃO DE DEUS (Gilfran), Alferes da Guarda Regular;
JOAQUIM DOS REIS (Ademar), Coronel da Cavalaria;
JOSÉ AIRES (Bálsamo), Coronel da Tropa Auxiliar;
LUIZ VAZ (Melo), Sargento Mor da Cavalaria;
MANOEL COUTINHO (José de Anchieta), soldado da Cavalaria;
MANOEL DA PAIXÃO ( Valdek), Alferes do Regimento dos Dragões.

A cada reunião o grupo rebelde ia engrossando cada vez mais, passando a ter os seguintes e decididos integrantes:
ANTÕNIO CARVALHO (Bento Aprígio), proprietário de olaria;
ANTÔNIO FRANCISCO (Maurício), sargento mor do Regimento;
ANTONIO DE SÁ (Olival Sampaio), Alferes do Regimento dos Dragões;
CESAR BALTHAZAR (Edmilson), sagaz comerciante;
DOMINGOS DE ABREU (Heriberto), rico comerciante português;
DOMINGOS VIDAL (Gleidson), médico;
FRANCISCO GOMES (Domingos Francisco), exímio tecelão;
FREIRE DE ANDRADE (Cláudio, filho de Tia Neiva), Coronel do Regimento de Dragões;
GABRIEL SOUZA (Marco Antônio), burocrata do governo;
JOÃO FELIZ (Wladimir), hábil alfaiate;
JOÃO MACHADO (Edemário), comerciante português;
JOÃO DA SILVA (Joaquim Alves), cabo da Guarda Regular;
JOÃO DE SOUZA (Ari Miranda), poderoso ourives;
JOAQUIM LEANDRO (Jonas Américo), capitão da Cavalaria;
JORGE SAMPAIO (José Vale), hábil tecelão;
JOSÉ RAIMUNDO (Vicente Peitudo), astuto comerciante, gostava de agir fora da lei;
JOSÉ DE REZENDE (Chilon), rico lavrador;
LUCAS BORGES (Valério Antônio), famoso artesão;
LUIZ ANTONIO (Antônio Clarindo), rico comerciante de tecidos;
LUIZ BARROS (Careca), Capitão Mór da Guarda Regular;
MANOEL COUTINHO (José de Anchieta), soldado da Cavalaria;
MANUEL CASTRO (Carnaúba), rico fazendeiro da região;
MANUEL GONZAGA (Osvaldo Nonato), Alferes da Cavalaria;
PEDRO MENEZES (Sebastião Pinto), burocrata do governo provincial;
SALVADOR CARVALHO (Ormísio), cirurgião praticante;
SEBASTIÃO D´AVILA (Sebastião Rodrigues), renomado alfaiate; e
SEBASTIÃO DE CASTRO (Filemon Pereira), soldado do Guarda Regular.

Participaram, ainda, os seguintes mineradores de ouro que enganavam os fiscais da Coroa Portuguesa:
ABEL DE CASTRO (João Viana);
ALBERTO SOUZA (Otoniel Francisco);
ANTÔNIO VIEIRA (Joaquim Félix);
DIOGO SOUZA (José Hermógenes);
EDUARDO COUTO (Joaquim Ramalho);
ELIAS (Emílio Benedito Delrio);
EPITÁCIO (Eurípedes Batista);
ERNESTO SARMENTO (Edmundo Ferreira);
EUCLIDES SÁ (Vilmar França);
FERNANDO OLIVEIRA (Edmundo José);
FRANCISCO FERREIRA (Antônio Alves);
GERALDO SILVA (José Alves);
JARBAS ABREU (Severiano);
JOÃO LOPES (Antônio dos Santos);
JOAQUIM TEIXEIRA (José Tavares);
LOURIVAL CARDOSO (Alverino Arruda); e
OSCAR TAVARES (Júlio Agostinho).

Foram coniventes com a conjuração, também, os seguintes componentes da Guarda Auxiliar da capitania, comandada pelo Alferes FRANCISCO OLIVEIRA (Lacerda):
ANTÔNIO BOTELHO (Francisco Jacó);
ARISTIDES COSTA (João Henrigeu de Almeida);
ASSIS DUARTE (Gercino Leal);
CARLOS ANDRADE (Pedro Mangueira);
CORNÉLIO DUTRA (Valter Pimentel);
DAVI FERREIRA (Eugênio);
ENOQUE SOUZA (Guilherme Moreira);
EUPÍDIO VALADARES (Gerson Alves);
HÉLIO PACHECO (Agostinho Tobias);
HENRIQUE VASCONCELOS (Adilson);
JOAQUIM ASSIS (Antônio Pereira);
JOEL CARVALHO (Euclides Alves);
JOSÉ DA SILVA (Francisco Veri);
JOSÉ DE FIGUEIREDO (João Carlos);
JOSÉ NORONHA (Judivan);
JOZIAS LEITE (Aliomar Balduino);
LEONARDO LIMA (Luís Sabino);
LEOPOLDO ARANTES (Francisco Brito);
LUCAS MARTINS (Francisco Baracho);
LUIZ MENDES (João Batista Barbosa);
MÁRIO FONSECA (Silvério Silveira);
MIGUEL NASCIMENTO (Djalma Silva);
NIVALDO MATIAS (João Cosme);
ONOFRE SOUZA (Teodomiro);
ORLANDO PASCOAL (Edional);
OVÍDIO COIMBRA (Edvaldo, apará);
PAULO CAMPOS (Hélio Rodrigues);
ROMUALDO (Vicente).
TADEU SATURNO (Paulo Rosas);
VALDIR MASCARENHAS (Jader);
VALDOMIRO LIMA (Josimar);
e VICENTE DIAS (Manoel Pereira).

E ainda, meus Senhores, Corte deste Amanhecer, como cúmplices, destacam-se as seguintes conspiradoras revolucionárias, presentes neste Julgamento:
ALMERINDA (Nildes);
ALZIRA (Cassemira);
AMÉLIA (Margarida);
ANA LÚCIA (Anita);
BERENICE (Genilda);
CATARINA (Eva Martins);
CLARICE (Telma Nityama);
CLOTILDES (Terezinha Marques);
CUSTÓDIA (Ruth Lara);
DALVA (Luzinete);
DOLORES (Leia);
DOROTÉIA (Nete);
DULCE (Eva);
EDUVIRGENS (Marlene Caldas);
EFIGÊNIA (Maria Rita);
ELISA (Isaltina);
ELIUDA (Inês);
ELVIRA MARIA (Luzimar Oliveira);
ELZA MARTINS (Italva);
ESTELA (Maria do Carmo);
EUFRÁSIA (Ivone);
FAUSTA (Maria Telma);
FAUSTINA (Maria Aparecida);
FLÁVIA (Nilza Maria);
GASPARINA (Terezinha);
GERALDA (Mª Socorro, de Anápolis);
GUIOMAR (Jacira);
HENRIQUETA (Iracy);
IRIS (Emília);
ISABEL CRISTINA (Terezinha);
JANE (Ana Julieta);
JESUÍNA (Elsonia);
JOANA (Maria de Lourdes C. Silva);
JOANA MARIA (Maria Elizabeth);
JOSEFA (Chaguinha);
JULIETA (Solange);
LAURITA (Maria Augusta);
LEONOR MARIA (Maria José);
LEONTINA (Linda Delma);
LEOPOLDINA (Maria Lindalva);
LÚCIA ALVES (Sebastiana);
LUCIANA (Sônia);
LUÍSA MARIA (Eliana);
LUZIA (Maria do Socorro);
MAFALDA (Nadir);
MANOELA (Ione);
MARIA ÂNGELA (Ana Júlia);
MARIA CAMPOS (Alvina);
MARIA CELINA (Delvina);
MARIA CLARA (Vera Lúcia);
MARIA CONCEIÇÃO (Efigênia);
MARIA DA FÉ (Terezinha Samaritana);
MARIA DA PIEDADE (Iracema)
MARIA DAS DORES (Mª de Fátima);
MARIA DE LOURDES (Valéria Lúcia);
MARIA DIVINA (Marilda);
MARIA DO CARMO (Suely);
MARIA ESTER (Maria Emília);
MARIA IZABEL (Beatriz);
MARIA JANE (Lúcia da lojinha);
MARIA LEDA (Eusamar);
MARIA MONTENEGRO (Izabel);
MARIA OTÁVIA (Nanciara);
MARIA RITA (Carmem Maia);
MARINA (Roseli);
MARTA (Maria da Penha);
MATILDES (Maria Rodrigues);
NATALINA (Maria José Oliveira);
RAFAELA (Maria da Guia);
ROSA MARIA (Raimunda Nonata);
RUTE (Irene Carnaúba);
SIRLENE (Neuza);
TEREZA (Ivonete);
VIRGÍNIA (Áurea); e
ZULMIRA (Maria de Lourdes).

Estava organizada a conspiração! Porém, não bastava que apenas o povo de Minas Gerais se rebelasse. Havia necessidade de um movimento bem maior, que se estendesse a outras regiões do Brasil.

Foi quando TIRADENTES, decidido, obteve uma licença e partiu para o Rio de Janeiro a fim de organizar a conspiração na sede do governo colonial.

         Enquanto isso, o militar JOAQUIM SILVÉRIO DOS REIS (foragido), que tinha uma grande dívida com a Corte, procurou o governador VISCONDE DE BARBACENA e, em troca do perdão daquela dívida, denunciou toda a trama e delatou os protagonistas, esses prisioneiros e prisioneiras que ora estão neste Julgamento.

         A primeira providência do Governador foi suspender o início da Derrama, com isso causando uma desarticulação dos inconfidentes que tinham, como senha, “o dia do batizado”, que seria aquele em que se iniciaria a cobrança do imposto.

         Desencadeou-se ação governista para a prisão dos inconfidentes. TIRADENTES, no Rio de Janeiro, foi preso e conduzido ao calabouço do forte da Ilha das Cobrar. Os principais cúmplices da rebelião foram presos e mandados para o Rio de Janeiro.

         Começou, então, a devassa. Demorados e prolixos, os processos esbarravam nos que se diziam inocentes ou, covardemente, protestavam ignorância da trama que lhes imputavam. TIRADENTES assumiu toda a responsabilidade do movimento, procurando, inclusive, aliviar a culpa dos demais companheiros que estavam presos no Rio:
ANTÔNIO DE SÁ (Olival);
DOMINGOS VIDAL (Gleidson);
FRANCISCO OLIVEIRA (Lacerda);
FREIRE DE ANDRADE (Cláudio);
JOÃO DE DEUS (Gilfran);
JOAQUIM DOS REIS (Ademar);
JOSÉ AIRES (Bálsamo);
JOSÉ ÁLVARES (Dr. Bolívar);
LUIZ BARROS (Careca);
LUIZ VAZ (Melo);
MANOEL CASTRO (Carnaúba);
MANOEL DA PAIXÃO (Valdeck);
MANOEL GONZAGA (Osvaldo);
e OVÍDIO COIMBRA (Edvaldo).

         Em 21 de abril de 1792, a rainha Dona Maria I assinou a sentença que condenava à morte, na forca, o Alferes TIRADENTES, e exilava os demais prisioneiros.

         TIRADENTES foi enforcado no dia seguinte, tendo o seu corpo esquartejado, com seus pedaços cravados em diversos locais da estrada de Ouro Preto. Mas, nos luminosos planos espirituais, ele recebeu sua alforria.

         Eis, portanto, o que nos revela, num plano geral, a história destes prisioneiros e prisioneiras, que também conheceram as orgias e os prazeres profanos naquela época, e que voltaram à Terra para que, através dos bons e maus momentos do seu dia-a-dia, pudessem se encontrar consigo mesmos.

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