Família - Acervo Koatay 108

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Família

               

      Família é a união de pessoas por vínculos de casamento, parentesco e afinidade, criando histórica e sociologicamente a primeira comunidade – a do lar, campo onde o Homem põe em prática, ações nascidas de seus anseios e instintos mais profundos, proporcionando a cada componente familiar a vivência das diversas faces do amor – conjugal, fraternal, condicional e incondicional – através de afeições, racionalidade, instintos, hábitos, solidariedade, gratidão, respeito e responsabilidade.
      A família tem sua origem nos planos espirituais, em que, por cumprimento da Lei do Carma, a jornada de vários espíritos comprometidos entre si é reunida em um grupo para reajustes e evolução, formando a família. Já no plano físico, então, recebe sua estrutura social.
      Não existe família reunida por acaso. Os chefes da família – mães e pais – são concordes com os planos espirituais, e se encarregam da importante tarefa da condução física e moral dos espíritos que lhe são confiados, dentro da programação reencarnatória de todos os envolvidos. Esse aspecto envolve qualquer tipo de constituição familiar, seja aquela baseada na herança genética como na que tem a participação de adoções. Incluem, também, as formadas sob leis que permitem a um homem ter mais de uma mulher, ou mesmo as que são erguidas sob situações duvidosas de adultério e violência.
      Jesus teve uma família, tendo como pais José e Maria, e como irmãos Tiago, José, Simão e Judas, sendo Jesus o primogênito, como citado nos Evangelhos (Mateus, XIII, 55 a 57).
      Ainda em Mateus (XII, 46 a 50) nos é relatado que alguém disse a Jesus: “Olha que tua Mãe e teus irmãos estão ali fora e te buscam. E Ele, respondendo ao que lhe falava, disse: Quem é minha Mãe e quem são meus irmãos? E estendendo a mão para seus discípulos, disse: Eis minha Mãe e meus irmãos; porque todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, e irmã, e Mãe!”
      Essas palavras de Jesus sempre geraram confusões através dos tempos, pois a ideia que sempre tivemos é a de que a família deve ser objeto de todo nosso amor e dedicação. Passamos a entender melhor esse relacionamento quando Emmanuel (Amanto) nos explica: "Teus pais e filhos, teu esposo ou esposa, teus irmãos e parentes, companheiros e adversários, superiores e subalternos, são quase sempre os pontos vivos de tua luta regeneradora que, aceitos com o amor de Jesus, se convertem nas estações progressivas da grande jornada, pela qual te retiras do vale das trevas para os cimos de Luz!"
      Isso significa que a família é um ponto de convergência de carmas e conflitos, e não podemos nos escravizar a sentimentos que são geradores de traumas e dores de natureza ligada ao ego humano. Não podemos nos escravizar a essas ideias ilusórias, uma vez que, como foi dito por Jesus, o parentesco carnal é ilusório e somente a afinidade espiritual é verdadeira.
      A família tem, como início, o casal.
      Geralmente, buscamos a perfeição em outra pessoa, criando uma imagem ideal que se distancia da realidade, uma vez que somos todos humanos e, por conseguinte, temos nossos defeitos e limitações que precisam ser clara e humildemente reconhecidos, não só por nós mesmos como por aqueles que nos amam e convivem conosco.
      Uma grande parte das separações dos casais e, por consequência, dissolução das famílias, se deve a essa fantasia que é feita em relação àqueles que se tornam objetos de uma utopia, por parte de seu companheiro ou de sua companheira, e não suportam a visão realista daquelas personalidades e individualidades.
      Tolerância, humildade e, sobretudo, amor – são as bases sólidas para qualquer convivência.
      Temos que fazer, do nosso lar, a primeira escola e o primeiro templo da alma dos nossos familiares, especialmente das crianças, espíritos a caminho que foram colocados sob nossos cuidados. Vamos fazer de nossa família um grupo que se reúne à mesa, não somente para as refeições, tão necessárias para o plexo físico, mas, também, para trocar ideias, resolver questões e, o mais importante, buscar a harmonia e a paz nas palavras, nas ações e nos pensamentos. Ali, com sinceridade, amor e confiança, todos da família devem expor, livremente, suas dúvidas, seus temores e dificuldades sentimentais. A melhor forma é estabelecer o Evangelho do Lar (veja Evangelho). Embora muitos Jaguares achem que esta é uma ação ligada aos princípios Kardecistas, o Evangelho do Lar é um importante ponto de força para a união da família e harmonização de seus membros.
      É preciso, pois, que cada membro da família deixe um pouco de tempo para isso, já que a família moderna está muito dispersa pelas necessidades de trabalhar, se divertir, ficar no computador ou nos programas de televisão, havendo um mínimo de contato entre seus membros, fazendo com que se tornem, praticamente, desconhecidos que convivem sob um mesmo teto.
      Lembremo-nos de que o nosso lar é uma escola, onde temos a oportunidade de conviver, com amor e ódio, aprendendo nossas lições de progresso espiritual, com aqueles que nós mesmos escolhemos como companheiros nessa reencarnação, nesta viagem passageira por este planeta. No lar são formadas as bases do sentimento e do caráter de cada um, na luta diária pelo resgate de compromissos transcendentais, e os pais devem aprender a cultivar o amor de seus filhos porque, na marcha da vida, o tempo desgasta a saúde e a atividade mental, e, estruturados pelos exemplos de amor e piedade dos pais, os filhos terão condições de ajudá-los quando aqueles estiverem idosos.
      Filhos fazem importante parte da família e é preciso o maior cuidado com cada um deles, a partir da concepção, dentro da responsabilidade de um pai e de uma mãe. Além dos cuidados com a manutenção material – alimentação, saúde, educação, roupas, etc. – existem aspectos preocupantes, principalmente nos tempos modernos, relacionados com a preparação desses espíritos que foram escolhidos por nós para serem nossos filhos e que requerem muita atenção e bom senso para que possamos cumprir nossa missão com referência ao direcionamento que devemos dar a eles.
A ARTE DE DIZER NÃO – É difícil o momento em que, para reforçar a missão de criar limites para os filhos, os pais têm que negar um pedido gerado pelo desejo do filho em receber algo que pode ser prejudicial ou supérfluo. Faz parte da educação espiritual a negativa, neste caso, porque se atendermos a todos os pedidos, sem avaliação, estaremos colaborando para que aquele ser em formação resulte numa pessoa que nunca aceitará limites e nem respeitará os outros como indivíduos, contanto que sempre tenha o que deseja, tornando-se extremamente competitivo e ambicioso, chegando a agir com desonestidade. Por isso temos que dosar as nossas permissões, como pais, sem exagerar, pois poderíamos formar um cidadão acomodado, sem ambições e derrotista. Assim, é necessário definir porque estamos negando o pedido, caracterizando sua natureza, se é uma falsa necessidade ou um simples capricho do consumismo. O filho pode ficar frustrado, mas poderá entender uma boa explicação para a negativa. Em muitos casos, o filho reage ao ouvir um “não” e, dependendo da idade, reage, briga e xinga, mas nada irá alterar a decisão dos pais, certos de que ela foi baseada no bom senso e na verdadeira vontade de evitar um mal maior para o filho. Pai e mãe devem ter a mesma decisão. São muitos os casos em que o pai decide alguma coisa e a mãe age ao contrário, escondendo uma ação contrária. Isso é pior para o filho, pois ele começa a agir com dubiedade e sem respeito aos pais, sentindo-se sempre protegido pela mentira. Os pais devem, sempre, agir da mesma maneira, explicando as consequências do que o filho está pedindo. Caso a criança continue teimando, é o momento de aplicar uma punição sem violência, adequada ao erro e à idade da criança ou do adolescente.
ESTAR PREPARADO PARA DISCIPLINAR – É preciso aprender a falar, expressando amor e não raiva, e nunca usar a violência, gritos ou ameaças, nem mesmo a popular palmada. Tem que ficar claro que não está sendo imposta uma vontade dos pais, e sim mostrada uma situação que poderá prejudicar o filho. Muito ajuda, também, o comportamento dos pais, que deverão demonstrar amor e carinho recíprocos, sempre atentos às necessidades reais das crianças, sempre avaliando os pequenos atos e palavras, jamais aceitando a ideia de que seu filho nunca faz nada errado. As situações certas ou duvidosas do filho devem ser conversadas com ele em particular, e não convertidas em escândalo no lar. Quando necessário, os pais avisam ao filho que as regras não irão mudar por causa do comportamento dele, alertando-o para as consequências dos atos que cometer como represália à negativa do seu pedido.
O MAU COMPORTAMENTO DOS FILHOS – Na ciência atual, o mau comportamento do indivíduo compreende diversas situações em diferentes níveis, inclusive pela expectativa exagerada dos pais, que devem sempre buscar e avaliar o que está sendo imposto aos filhos, se a educação que vem sendo posta em prática em seu lar é condizente com os valores reais da sociedade. Vamos lembrar que uma situação pode ser estressante para uma criança ou um adolescente, gerando um comportamento agressivo e antissocial. E, nestes casos, devem os pais buscar ajuda de psicólogo para a correção e normalidade da situação. Para lidar com um comportamento inadequado que se torna constante, isto é, por mais de seis meses, tais como hostilidade, negativismo, atitude desafiadora e desobediência a normas claras, é preciso que pais e filhos sejam avaliados e orientados por psiquiatra. Até o momento (2010), a Medicina relata como os problemas psiquiátricos mais comuns relacionados com a indisciplina:
TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) ou Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA) – Doença de origem genética, geralmente ligada à hiperatividade, podendo surgir antes dos 3 anos de idade, da seguinte forma:
responder precipitadamente, antes da conclusão das perguntas;
falar em excesso;
distrair-se com estímulos externos, como conversas paralelas;
mesmo sabendo as respostas certas, por descuido erra nos trabalhos escolares;
não concentra sua atenção, agindo descuidadamente, exceto quando o assunto lhe interessa, como programas na televisão e videogames;
não concentra sua atenção, parecendo não ouvir, quando alguém lhe fala diretamente;
frequentemente perde objetos que costuma usar;
tem dificuldades para brincar de forma calma;
tem dificuldades para se manter sentada ou quieta;
corre de um lado para outro e sobe nos móveis, mesmo na casa dos outros.
TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR (TOD) ou Transtorno Desafiador de Oposição – É manifestado antes dos 6 anos de idade e pode progredir para Transtorno de Conduta na fase da adolescência. Apresenta as seguintes características:
constante perda da paciência;
permanente discussão com os adultos;
desobediência às regras e desafio aos adultos;
perturba pessoas deliberadamente;
comete erros e põe a culpa nos outros;
constantemente sente raiva ou fica ressentido;
age com rancor e é vingativo;
sofre prejuízos sociais e acadêmicos com esse comportamento.
TRANSTORNO DE CONDUTA – Mais comuns em meninos acima de 12 anos. Violam regras sociais importantes para a sua idade. Devem buscar auxílio para aquele que adotar, pelo menos, três dos comportamentos a seguir, no prazo de um ano ou mais:
  • provoca, ameaça ou intimida os outros com freqüência;
  • mete-se em brigas corporais frequentes;
  • já usou arma para machucar gravemente outra pessoa;
  • comete crueldade física com animais ou pessoas;
  • cometeu roubo, tendo contato direto com a vítima;
  • praticou estupro;
  • ateou incêndio de propósito, para provocar grandes danos;
  • cometeu ato de vandalismo;
  • arrombou propriedade alheia;
  • mente com freqüência para obter vantagens;
  • fica na rua além do autorizado pelos pais;
  • já fugiu de casa pelo menos duas vezes;
  • mata aulas na escola com freqüência, tendo começado antes dos 13 anos;
  • sofre prejuízos sociais e acadêmicos com esse comportamento.

É PRECISO DOSAR OS CUIDADOS COM OS FILHOS – Há de certa forma, casos que excedem o mínimo e o máximo de cuidados com aqueles seres em formação que estão sob a nossa responsabilidade de pais. Com a movimentação da atual vida familiar, com pais e mães fora do lar, trabalhando, surgiu a preocupação com o tipo de educação a ser dada aos filhos. Desde a facilidade do telefone celular, hoje já sendo portado por crianças a partir de tenra idade, até o acompanhamento a todos os divertimentos e compromissos sociais, há muitos jovens sufocados pela proteção e pelo direcionamento das ações quando não estão nas aulas. Atividades esportivas, cursos de línguas e de artes e muitas outras ocupações são programadas pelos pais, objetivando a ocupação das horas livres e ampliação da capacidade cerebral. A maioria dos pais tenta recompensar sua ausência física pela aplicação financeira que, na sua opinião, irá preparar seu filho para o progresso e pela vitória na conquista social. Além disso, evitam-se os momentos de liberdade e relaxamento que se tornaram uma ameaça para os jovens. Na realidade, se esses pais tivessem um tempo, ainda que pequeno, para conversar com os filhos, entrosarem-se na ideia de um verdadeiro lar, seus objetivos seriam alcançados de forma mais suave e direta. Em lugar de sufocarem os filhos, acompanhariam sua formação moral, ajudariam na solução de problemas simples das faixas etárias, teriam o companheirismo dos jovens e a emoção das suas descobertas, construindo um elo de amizade profunda que se torna um grande guia para os espíritos dos que estão em crescimento, que estão descobrindo as caminhos da vida e tendo sensações até então inexplicáveis por força de seus sentimentos.
Pais e filhos unidos pelo amor e pelo espírito. Este o segredo da família feliz e realizada!
      Assim, existem pais que querem plasmar os filhos de acordo com seus próprios planos, e agem ditatorialmente sobre as crianças, que desde novinhas são obrigadas a falar e agir conforme aquela vontade imperiosa, que violenta a sensibilidade daquela mente em formação e dá origem a problemas sexuais, comportamentais, artísticos, etc.
Como a instituição mais antiga da vida humana, a família vem se modificando, atualizando-se pelos modos de pensar, sentir e viver do Homem. Essa marcha se faz na medida da evolução daqueles que compõem uma família, que pode ter duas naturezas:

1) FAMÍLIA CÁRMICA ou FAMÍLIA BIOLÓGICA:
      Forma o núcleo de escolaridade da Terra e nenhum espírito pode fugir de suas lições, fonte de reajustes e oportunidades evolutivas das pessoas unidas pela força de fatores transcendentais, espíritos que, pela Lei de Causa e Efeito imperando sobre ações praticadas em encarnações anteriores, se propuseram a evoluir, uns às custas dos outros, cobrando ou resgatando dívidas em jornadas paralelas e muito próximas.
      Marcadas por conflitos, ingratidões, traições, inveja e cobiça, as jornadas das famílias cármicas são um contínuo processo de evolução. Quando um membro sai e se desliga é porque, na maioria dos casos, resgatou suas dívidas com aquele grupo.
      Há também aquele que se liga ao membro de outra família, pela união de um casal, dando origem a uma nova família, que também prosseguirá com sua marcha evolutiva, pois os laços físicos do sangue não garantem afinidade, harmonia ou amor.
      Dentro da Lei de Causa e Efeito, um filho vem para se reajustar com seus pais, e pode se tornar um criminoso, assassinar o pai ou a mãe, enveredar pelos negros caminhos do vício e das drogas. Somado ao possível reajuste do casal, vemos que não podemos nos surpreender com tantas famílias desajustadas, onde o ódio entre o casal, entre pais e filhos, entre irmãos, deve ser olhado de modo abrangente, sem julgamento das ações cometidas.
      As dores, lutas e doenças, a desarmonia e o desequilíbrio fazem parte do processo evolutivo. Cada espírito tem que enfrentar e passar por tudo de acordo com sua consciência, sua sensibilidade e seu amor.
      Aquele que abandona a família biológica de forma impensada e impulsiva só aumentará seus débitos com aquele grupo, e sofrerá as dores e angústias por não ter sabido superar suas provações que ele mesmo pediu em seu plano reencarnatório.
      Os comuns casos de abandono de idosos por seus familiares, as separações de casais e a indiferença de pais por seus filhos, abandonando crianças mal preparadas para a vida, tudo são frutos da incompreensão e da falta de esclarecimento e consciência desses espíritos fracassados.
      Dentro da sabedoria divina, quando uma família está com seu carma muito pesado e ameaçando ruir pela fraqueza ou cansaço de seus membros, gerando permanente perturbação em todos, sempre é colocada a ajuda de um missionário, que encarna no grupo para dar apoio àqueles espíritos.
      Cada espírito reencarna pela necessidade de seus reajustes, e não pela harmonia com seus familiares. Nos casais, embora raros, existem casos de almas gêmeas que se unem para o resgate de uma dívida comum com seus familiares.
2) FAMÍLIA ESPIRITUAL:
      É a que se forma pela sintonia de espíritos, reunidos numa mesma onda vibratória, e que, quando encarnados, se encontram espalhados pela Terra, algumas vezes com dois compondo um núcleo da família biológica, no trabalho de apoio e evolução daqueles espíritos que juntam.
      Em missões diferentes, há muitos membros de uma família espiritual que não se encontram com outros na Terra. Podemos ter um irmão ou um filho espiritual que está encarnado em outro país, ao qual não encontraremos senão após o desencarne de ambos.
      A união da família espiritual é tão intensa que ela só parte para suas origens depois que todos os seus membros estiverem reunidos, isto é, não tenham mais débitos a resgatar.
      Encarnados ou desencarnados, formam pelas vibrações de amor uma poderosa fonte de forças que agem e interagem em seus componentes que, embora em lugares desconhecidos e distantes, são assistidos por elas.
      Há muitos casos de membros de uma mesma família espiritual que estão juntos numa família biológica, ocasionando as grandes afinidades entre si que podemos ver no relacionamento de pais e filhos, irmãos e primos, que chamam a atenção pela harmonia e compreensão.


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