Fé
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A Ciência é estimulada pela dúvida, e é no sentido de dirimir as dúvidas é que vai se desenvolvendo e encontrando novos caminhos. Tia Neiva nos ensinou: “A fé que ignora a Ciência é tão inútil quanto a Ciência que ignora a fé!” De modo geral, a Ciência termina onde a fé principia, porque a fé não admite dúvidas, está muito além da lógica. A fé nasce no íntimo de cada um de nós, pela sensibilidade individual, transcendental, além dos nossos cinco sentidos, gerando uma experiência em cada pessoa, enquanto a Ciência vai sendo absorvida pelos estudos, pela soma dos conhecimentos e das experiências formais e sensoriais, na interpretação dos fenômenos examinados.
Fenômenos biológicos e físico-químicos da matéria passaram a ser estudados de forma diferente, descortinando um novo Universo para aquele que achava ter encontrado todas as respostas na Ciência tradicional, e que passaram a investigar as bases da Ciência Natural. Quando dizemos que nossa Doutrina é mais Ciência do que Religião é porque nela não existem dogmas e nem obediência cega: tudo tem sua explicação, sua razão de ser, e passa pelo cérebro e termina no coração. Sem preconceitos e sem teorias, estamos bem à frente das Ciências Exatas, Sociais e Psíquicas.
A fé é o resultado racional da adição do nosso conhecimento e da nossa confiança. Pelo conhecimento das leis que, do plano etérico, nos foram trazidas, e pela nossa confiança nos ensinamentos que nos chegaram pelas palavras de Jesus, porque Ele nos trouxe uma Nova Estrada, com verdades reveladas à luz natural da razão, que por sua origem divina não pode se enganar e nem nos enganar.
É fruto, também, de experiências e ensinamentos vividos pelo espírito em suas várias jornadas neste plano, armazenados em sua memória. Na verdade, a fé é a confiança no futuro, ideal que vai se aprimorando à medida que progredimos na Doutrina, verdadeiro tesouro para a alma.
Esta a grande diferença entre a fé e a Ciência. Enquanto a Ciência necessita da evidência das coisas, de fenômenos que podem ser repetidos e mensurados, a fé dispensa qualquer aferição que não seja uma simples aceitação da razão e dos sentimentos.
Através da fé esclarecida podemos superar nossas hesitações e esclarecer nossas dúvidas, diminuindo nosso egoísmo e nosso orgulho, acalmando nossa desordem mental e nos colocando harmonia em nossa energia mental, o que nos permite alicerçar nossa Doutrina, com amor e dentro de uma conduta doutrinária, conseguindo trilhar nossa jornada cármica com pequenas e difíceis vitórias sobre nossa natureza inferior.
Passamos por maravilhosa transformação quando somos iluminados pela fé, deixando ofuscado o brilho da razão, concentrando toda a nossa sensibilidade no que nos chega dos planos espirituais, o que é mais sentido no coração do que no cérebro.
Devemos ter a fé refletida pela razão e a razão sublimada pela fé. Essa fé esclarecida é obtida pela real observação de nós mesmos, feita de forma autêntica, buscando nossas falhas e dúvidas, conhecendo grande parte de nossos compromissos cármicos, e buscando aplicar o conhecimento da Doutrina com confiança na ajuda de nossos Mentores.
Por isso, a fé esclarecida é um reflexo da razão eterna, é Deus em nós. Não podemos confundir essa fé esclarecida, que deve ser a fé de todos os Jaguares, a fé que Pai Seta Branca nos pede, com a fé religiosa, que anula a razão e nos submete à aceitação de pseudoverdades impingidas por dogmas e cultos, e nem com a fé cega, que ignora a razão e se torna o grande perigo dos fanáticos, levando a desastres terríveis que a História nos tem revelado através dos tempos.
Em estudos recentes, realizados pelo neurologista Andrew Newberg, usando a tomografia cerebral, ele concluiu que: “a longo prazo, há alterações no lobo frontal (relacionado à memória e à regulação das emoções) e no sistema límbico (ligado às emoções). As pessoas tendem a conseguir controlar mais suas emoções e expressá-las. A meditação e a oração ajudam a melhorar a relação consigo mesmo e com os outros. Também especulamos que essas práticas alteram, inclusive, a química cerebral, como os níveis de serotonina e dopamina, que regulam nosso humor, nossa memória e o funcionamento geral de nosso corpo, mas ainda não temos provas disso.”
Na Epístola aos Hebreus, Paulo nos fala da natureza da fé (11: 1 a 3): “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela fé entendemos que foi o Universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.”
Na Doutrina do Amanhecer, confiamos nas palavras de João (III, 16 a 21): “Porquanto Deus amou tanto o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna. Nem Deus enviou seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não será condenado; mas o que não crê já está condenado, porque não crê no nome do Filho Unigênito de Deus. E esta é a causa da sua condenação: a Luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a Luz, porque eram más as suas obras. Mas aquele que prática a verdade chega-se à Luz para que as suas obras sejam conhecidas, porque são feitas em Deus.” e em XI, 25 e 26: “Replicou-lhes Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá eternamente!”
E João nos fala mais da fé em Jesus (XII, 44 a 48): “Jesus bradou e disse em alta voz: Quem crê em mim, não crê em mim, mas naquele que me enviou, e quem me vê a mim, vê aquele que me enviou. Eu, que sou a Luz, vim ao mundo para que todo aquele que crê em mim não fique nas Trevas. E se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, não será julgado por mim, porque não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, já tem o seu juízo. Esta mesma palavra que eu lhe anunciei há de julgá-lo no último dia!”
Por isso, nossa fé é esclarecida pelas palavras de Jesus, de Pai Seta Branca, de Mãe Yara e de todos nossos queridos Mentores, no nosso dia-a-dia, pelo que de real aproveitamos na nossa dedicação à Lei do Auxílio, que nos dá o merecimento para podermos ter a ajuda dos Planos Espirituais.
No Evangelho de Mateus (XIV, 22 a 33), temos esta passagem: “Ordenou Jesus que seus discípulos entrassem no barco e fossem adiante para a outra margem, enquanto se despedia da multidão. Despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. Chegada a tarde, estava ali, só, e o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas, porque o vento era contrário. Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, caminhando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o caminhar sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram, com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais! E respondeu-lhe Pedro: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas! E Jesus disse-lhe: Vem! Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo e começou a afundar. Bradou: Senhor, salva-me! Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E quando subiram para o barco, acalmou o vento. Então, aproximaram-se os que estavam no barco e o adoraram, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus!”
Ainda em Mateus (XXI, 18 a 22) nos é revelado: “Pela manhã, voltando para a cidade, Jesus teve fome e, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente. Os discípulos vendem isso maravilharam-se, dizendo: Como secou imediatamente a figueira? Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te e precipita-te no mar, assim será feito; e tudo que pedirdes na oração, crendo, o recebereis.” A figueira, em Israel, dá frutos dez meses por ano, e aqui representa o Homem que, na hora precisa, não tem como alimentar Jesus com seu amor; também, daí nasceu o dito popular que a fé remove montanhas.
E a fé é decorrente de um processo de crescimento permanente, da amplitude do conhecimento e da confiança, da resultante do nosso desenvolvimento espiritual e de nossa conduta doutrinária, e cresce dentro de cada um nós de acordo com nossa condição espiritual.
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