Mundos
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Em nossa condição de encarnados, temos a considerar três mundos que formam o nosso Universo: o mundo visível, o mundo invisível e o mundo espiritual.
O mundo visível é o físico em que vivemos com nossos sentidos, aprendendo a conhecê-lo melhor com nossas observações visuais e auditivas, ampliando nosso saber sobre os seres dos três reinos da Natureza.
Existe, porém, o mundo invisível que nos cerca e faz parte, também, da Terra, com estrutura molecular, organizado e regido por suas leis, com cidades, escolas, albergues, hospitais, templos, colinas, montanhas, lagos, rios e cacheiras, tendo, também, seus céu e terra, claros ou obscurecidos, coexistindo simultaneamente com o nosso mundo físico, que não podemos ver, ocupando espaços intermoleculares deste mundo, de modo que podem existir superposição de construções de um e de outro sem qualquer problema. É um plano constituído de matéria rarefeita mas obedecendo as leis da dinâmica universal.
O mundo invisível não reflete a luz solar, nem os sons e nem o calor do mundo físico. Na obra de André Luiz, psicografada por Chico Xavier, temos uma detalhada descrição de uma cidade de transição – Nosso Lar –, que se situa sobre a cidade do Rio de Janeiro, no plano da Terceira Esfera acima da crosta terrestre, logo acima do Umbral, sendo uma das muitas que existem em torno da Terra.
Um sólido do mundo físico pode ter sua formação molecular alterada e tornar-se invisível, atravessando corpos sólidos e, depois, ser reintegrado em seu estado físico. Essa alteração molecular pode ocorrer em corpos do mundo invisível, tornando-os visíveis para nós, como acontece com a materialização de espíritos que ali habitam, em números fantásticos, sem condições de seguir para os planos espirituais, e que vivem da manipulação das energias produzidas na Terra.
Eles não podem produzir essas energias, e então as absorvem dos encarnados, fazendo essa captação por via da mediunidade, induzindo à formação de correntes mediúnicas sintonizadas com eles, iludindo os seres humanos de forma a que pensem que aquele mundo invisível é o mundo espiritual.
Dependendo da intensidade do ectoplasma absorvido, são capazes de se materializar no mundo físico, desencadeando fenômenos que são confundidos, muitos deles, com visitas de naves e personagens extraterrestres. Uma grande parte deles forma o Vale das Sombras. Não têm condições de encarnar no mundo físico e, por isso, assumem a função de obsessores dos encarnados na Terra. Não têm uma estrutura mental que lhes permita concepções superiores às nossas e sua percepção é muito reduzida em relação à nossa. Embora falem muito em Deus, para causar confusão na mente humana, dificilmente falam em Jesus.
O mundo espiritual é uma realidade presente e de todos os tempos, procedência dos espíritos que nascem na Terra e destino dos que aqui desencarnam, e é onde habitam os espíritos e princípios vitais de animais e plantas na grandiosa espiral evolutiva. Sua compreensão e entendimento são feitos de modo individualista, conforme a experiência de cada um, colocando-se acima de quaisquer conceitos que possamos formular, pois, nessa tentativa, caímos no antropomorfismo. É assimétrico, irregular e atemporal, onde não existe passado, presente e futuro, mas sim a eternidade.
Podemos nos valer das imagens que nos são transmitidas pelos seres que ali habitam – os Espíritos de Luz – e pelas próprias palavras de Jesus, nos Evangelhos, quando nos são revelados alguns aspectos dos Céus, uma das denominações do mundo espiritual, considerados como a morada eterna dos justos, numa reunião final com Deus, o verdadeiro paraíso.
Conforme visão milenar das igrejas cristãs, haveria o Céu, para os justos, o Inferno, para os maus, e, entre estas duas regiões, o Purgatório, sendo assim o espírito enviado a uma dessas moradas de forma eterna.
Segundo João Evangelista (14, 2), Jesus declarou que havia muitas moradas na casa de seu Pai, e isso é plenamente reconhecido na Doutrina do Amanhecer, de forma clara e objetiva, com a identificação de vários planos e das casas transitórias, tornando a jornada do espírito desencarnado variável, de acordo com seu desenvolvimento baseado nos conhecimentos e na conduta doutrinária, e, assim, com seu merecimento. Sua efetiva permanência em cada uma dessas moradas dependeria da sua recuperação e do leque de sentimentos emanados de seu ser.
O mundo espiritual superior é a recompensa para os espíritos que concluem sua jornada na Terra, após terem reajustado com seus cobradores e, pelo amor, tolerância e humildade, conseguido deixar livres seus corações de todos os pesos terrestres.
Jesus nos ensina a guardar nossos tesouros nos Céus (Lucas, XII, 33 e 34): “Vendei o que possuís e dai-o de esmolas; provede-vos de bolsas que não envelhecem, de tesouro inexaurível no Céu, onde não chega o ladrão e a traça não rói. Porque onde está o vosso tesouro, aí estará, também, o vosso coração”.
Na Epístola aos Colossenses (I, 10 a 13), Paulo escreveu: “Para que andeis dignamente diante de Deus, agradando-lhe em tudo, produzindo frutos em toda boa obra e crescendo na ciência de Deus, confortados em toda espécie de virtude pelo poder de Sua glória, em toda a paciência e longanimidade, com alegria, dando graças a Deus Pai que nos fez dignos de participar da sorte dos Santos na Luz, que nos livrou do poder das Trevas e nos transferiu para o reino de Seu Filho muito amado”. Na Epístola aos Hebreus (XI, 13 a 16), Paulo lhes fala da jornada daquele povo, de seus profetas e de seus mártires: “Na fé morreram todos estes, sem terem recebido as promessas, mas vendo-as de longe e saudando-as, e confessando que eles eram peregrinos e hóspedes sobre a Terra. Pois, os que assim falam, demonstram claramente que buscam a pátria. E se eles tivessem em mente aquela pátria de onde saíram, teriam, por certo, o tempo necessário para a ela tornarem. Mas eles aspiram por outra pátria melhor, isto é, a celestial. Por isso Deus não se dedigna de se chamar Seu Deus, porque lhes preparou uma pátria!”
Temos, no Espiritismo, o conceito de que os mundos habitados correspondem a seis espécies, graduadas de acordo com o nível moral e espiritual de seus habitantes:
- PRIMITIVOS – Onde as primitivas formas de alma encarnam;
- DE EXPIAÇÃO E PROVAS – Onde há predominância das forças do Mal, e sob a Lei de Causa e Efeito, são feitos os reajustes e provações entre espíritos encarnados e desencarnados, como no caso da Terra;
- DE REGENERAÇÃO – Sob o império do Bem, as almas ainda evoluem através de expiações mais suaves;
- DITOSOS – Destituídos das impregnações do Mal e totalmente desapegados de qualquer forma de paixão, os espíritos vivem na projeção pura do Bem; e
- CELESTES ou DIVINOS – Reinos do Bem e da Luz, neles vivem os Espíritos de Luz, a Espiritualidade Superior, os portadores da Força Divina emanada de Jesus.
Este conceito de Céus, paraíso, e, enfim, do mundo espiritual como sede dos Espíritos de Luz, é generalizado através dos tempos e por toda a Terra, mudando somente sua denominação pelos diversos idiomas, mas mantida a ideia básica.
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