Palavra - Acervo Koatay 108

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Palavra

               
      Quando nos referimos aos “cegos, surdos, mudos e incompreendidos” não estamos falando de alguma deficiência física, mas, sim, sob o aspecto espiritual, vibracional.
      Aquele que é portador de alguma deficiência física está cumprindo a Lei de Causa e Efeito, o seu carma, e só podemos ajudá-lo fortalecendo seu espírito para que possa passar, sem revolta, sua provação. Mas nossa missão inclui aqueles que têm deficiências que os levam a não ver, a não ouvir, a não falar e a não entender o que existe nas lições da Espiritualidade Maior, e que podem ser curados pelas vibrações de amor, pela tolerância e pela humildade.
      No Sermão da Montanha, Jesus disse (Mateus, 5,37): “Mas seja o vosso falar: Sim, sim; não, não. O que vai além disso, procede do Mal”. Isso nos ensina o ponto básico para usar a palavra, considerando a firmeza e a intenção do que devemos transmitir, buscando a simplicidade com que Jesus falava de coisas tão grandiosas e até mesmo complexas, sendo entendido por todos.
      Na Epístola aos Colossenses, Paulo (Col. III, 8 e 9) exortou: “Mas agora deixai também vós tudo isso: a ira, a indignação, a malícia, a blasfêmia, a palavra torpe de vossa boca. Não mintais uns para os outros…”
      Encontramos na Bíblia: “A boca fala do que o coração está cheio; do interior procedem as más ações e os maus pensamentos!”. Isso significa que as palavras são portadoras do ectoplasma de quem as emite, estão sempre carregadas energeticamente por quem as profere ou as escreve, que nelas imprime suas emoções, suas ideias, seus pensamentos, não se preocupando muito com o aspecto formal, estrutural, mas, sim, com o que vem do coração. Se não houver pureza nem sinceridade em nossas palavras, não conseguiremos atingir nem influenciar os outros.
      A palavra, uma vez proferida, é como um tiro disparado, que não se pode recolher. Por isso, temos que ter muito cuidado e pensar antes de emitir nossas palavras. Pitágoras nos falou: “O Homem é mortal por seus temores e imortal por suas palavras…”
      Tiago (3-8) assevera: “… a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero.” Isaías (52-7) diz que “Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas!”, assim nos ensinando que nosso caminho será mais ameno se usarmos nossas palavras para divulgar coisas boas, positivas, elogiar nosso próximo mesmo por pequenos gestos, evitando julgamentos e depreciações.
      Emmanuel (Amanto) nos ensina: “O que sai do coração e da mente, pela boca, é força viva e palpitante, envolvendo a criatura para o bem ou para o mal, conforme a natureza da emissão. Os elementos psíquicos que exteriorizamos pela boca são potências atuantes em nosso nome, fatores ativos que agem sob nossa responsabilidade, em plano próximo ou remoto, de acordo com as nossas intenções mais secretas. É imprescindível vigiar a boca, porque o verbo cria, insinua. Inclina, modifica, renova ou destrói, por dilatação viva de nossa personalidade. Em todos os dias e acontecimentos da vida, recordemos com o Divino Mestre de que a palavra procede do coração e, por isso mesmo, contamina o Homem.”
      Uma das grandes geradoras da violência que nos rodeia é a palavra proferida com má vibração, que fere e ofende nosso próximo. No Livro de Provérbios 15, 1 encontramos: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira!”. Essa é a chave da boa convivência com os que nos cercam.
      Tiago 1, 26 adverte: “Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã!”
      Sabemos que a palavra conduz ectoplasma e gera reação positiva ou negativa, de alegria ou de tristeza, possibilitando ao Homem utilizar seu livre arbítrio para se elevar a si mesmo ou ao seu próximo, bem como causar os maiores desastres.
      Pedro, em sua I Carta 3, 10 avisa: “Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreia a sua língua do mal e os seus lábios não falem engano!”
      A sabedoria dos Evangelhos nos ensina a não falar mal dos outros. Segundo Mateus 12, 36-37, Jesus disse: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado”. Ainda Mateus 18, 7 nos revela que Jesus advertiu: “Ai do mundo por causa dos escândalos! Porque é preciso que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!”
      Devemos evitar, sempre, ferir, prejudicar ou magoar alguém com nossas palavras. A mentira às vezes nos parece necessária, mas vai depender muito de nossa consciência saber usá-la, pois somos levados a ela em algumas ocasiões de aflição, para evitar um mal maior – como um doente em fase terminal, por exemplo – mas devemos nos esforçar para não mentir.
      Outro aspecto explorado é o juramento, instituído pelo Homem para que, pela palavra, ele se torne escravo, deprimindo o caráter e que o obriga a atos totalmente contraditórios a seus princípios, como acontece em muitas religiões.
      Jesus, reunindo o povo (Mateus, 15, 7-10), lhes disse: “Hipócritas! Bem profetizou de vós Isaías, dizendo: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão, pois, me honram, ensinando doutrinas e mandamentos que vêm dos Homens”. Ouvi e entendei: não é o que entra pela boca que faz imundo o Homem, mas o que sai da boca, isso é que torna imundo o Homem!” Segundo Mateus (15, 18-20), Jesus nos advertiu: “Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem, porque do coração procedem os maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias… São estas coisas que contaminam o homem!”
      Se tivermos uma palavra boa, confortadora e benéfica, estaremos bem com nós mesmos e com a Espiritualidade Maior.
      As palavras proferidas com raiva, os xingamentos e palavrões, geram desarmonia e ódio, atraindo irmãos das Trevas, formando situações que levam a desequilíbrios perigosos. Em Mateus 12, 36-37, nos é relatado o que disse Jesus aos fariseus: “E digo-vos que de toda palavra ociosa que falarem os Homens, darão contas no dia do Juízo: porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras, condenado!”
Através de Chico Xavier, Emmanuel(Amanto) nos falou de algumas palavras que predispõem ao desequilíbrio e ao sofrimento:
  • a queixa contra alguém;
  • a reclamação agressiva;
  • o palavrão desatado pela cólera;
  • a resposta infeliz;
  • a frase de sarcasmo;
  • o conceito depreciativo;
  • o apontamento malicioso;
  • a crítica destrutiva;
  • o grito de desespero;
  • a expressão do pensamento de ódio;
  • a lamentação do ressentimento;
  • a que acompanha a atitude violenta;
  • a que coroa o riso de escarninho;
  • a fala da irritação;
  • o cochicho do boato;
  • a gerada pela impaciência;
  • o parecer injusto; e
  • a pancada verbal da condenação.
      Segundo Emmanuel, cada espinho invisível, representado por aquelas palavras, é comparável à fagulha capaz de atear o incêndio da discórdia, e ganhar a discórdia não aproveita a pessoa alguma!
      Na linha oriental encontramos muitas referências ao uso da palavra, como, por exemplo, no Budismo: "Quem for chamar a atenção de alguém, antes de fazê-lo deverá conscientizar-se das seguintes qualidades:
  1. No momento adequado falarei, não fora do momento;
  2. Com sinceridade falarei, não com mentiras;
  3. Com gentileza falarei, não com rispidez;
  4. Para ajudá-lo falarei, não para prejudicá-lo;
  5. Com bondosa intenção falarei, não com raiva."
No Anguttara Nikaya ficou estabelecida "A Palavra Correta":
  1. "A abstenção de mentir: Quando se falar, deve-se evitar a mentira. Quem preza a verdade, fala a verdade, é confiável, digno de confiança, não é enganador. Onde estiver, entre amigos, na comunidade ou perante um juiz, e for chamado para dar seu testemunho, ele responderá simplesmente, de acordo com a verdade, "Eu sei" ou "Eu não sei", "Eu vi" ou "Eu nada vi". Assim essa pessoa jamais mentirá, seja para favorecer seus próprios interesses ou os de outra pessoa, ou para obter qualquer outro proveito.
  2. A abstenção de fazer intrigas: Deve-se evitar fazer intrigas. O que se ouve aqui, não deve ser contado ali, para evitar desarmonias. Deve ser buscada a união dos que estão em conflito e o apoio aos que estão unidos, porque a harmonia gera alegria, nos delicia, e faz com que nos sintamos felizes e em paz, e é essa paz que devemos difundir com nossas palavras.
  3. A abstenção da palavra ofensiva: Devemos evitar as palavras rudes e ofensivas, buscando palavras amenas, amáveis, agradáveis de ouvir, que facilmente chegam aos corações e pacificam.
  4. A abstenção de conversas inúteis: Devemos evitar as conversas vazias, inúteis, lembrando-nos de que aquele que fala o tempo exato, de acordo com a realidade dos fatos, do que é útil, dando um ensinamento, é porque tem consciência de que a palavra é um tesouro, deve ser pronunciada no momento exato, acompanhada por argumentos, moderada e plena de sentido.
    A isso se chama a Palavra Correta!"
      A moderna Psicologia nos ensina que nos transformamos naquilo que falamos. Mudamos nossa vida de acordo com nossas palavras, que expressam os pensamentos que temos. Na verdade, somos conhecidos pelo que falamos.
      Francisco de Assis disse: "Os que somente desejam saber palavras estão mortos pela letra. Eles querem ser considerados mais sábios que os demais para adquirir, assim, riquezas e dá-las a seus parentes e amigos. Estes são os que estão mortos pela letra, e não desejam praticar o espírito, mas, sim, buscam somente as palavras para explicá-las aos outros. Estão vivificados pelo espírito os que não atribuem a si mesmos nenhuma sabedoria, mas, sim, os que, com as palavras e o exemplo, demonstram que a sabedoria é de Jesus, a quem pertence todo o Bem!"
      De modo geral, nossa comunicação não é totalmente efetiva, porque existem abstrações mentais de quem fala e de quem ouve, o que a leva a ser distorcida, limitada e generalizada, o que leva ao prejuízo dessa comunicação, alterando sua mensagem e comprometendo a veracidade do seu conteúdo.
      “Na vida há quatro coisas que não voltam: a palavra pronunciada, a água corrida, a seta atirada e a oportunidade perdida!” – Gomara Kain.
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