Paixão
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Paixão é impulso vital, um sentimento exarcebado que se confunde com amor, envolvendo uma grande mistura de sentimentos e instintos, além de pesada carga transcendental, que leva as pessoas ao desequilíbrio emocional e gera terríveis quadros de violência e muitos sofridos desenlaces.
A paixão chega a comprometer o equilíbrio da vida psicológica, por ser movimento impetuoso da alma que é exaltado pela imaginação, impelindo a pessoa para um objeto de prazer reconhecido, o que torna o ser egoísta, tirano e exclusivista. E pode ser unilateral, quando não correspondida.
Segundo pesquisas recentes da Sociedade Americana de Fisiologia, as sensações relacionadas com o amor se alojam nas regiões do núcleo caudal e na área tegumentar ventral, no centro do cérebro, também responsáveis pelo sistema de recompensa cerebral, acionado quando se satisfaz a fome ou a sede e, também, quando um dependente químico consome a droga. Ela pode ser formada por bases biológicas, isto é, sobrepondo-se às tendências e necessidades, acompanhadas de uma base social e de outra base psicológica, composta por elementos que a imaginação constrói sobre deformações da razão e da vontade, somente podendo ser analisada pela exploração do inconsciente. Como base fisiológica, a paixão tem o temperamento físico e hereditário da pessoa submetida à pressão da escala de valores morais em que se desenvolveu.
A paixão se caracteriza pela concentração exclusiva do psiquismo em um objeto, com indiferença a tudo mais. Por isso, quando uma pessoa tem um amor apaixonado, isto é, um sentimento que ultrapassa as fronteiras do amor equilibrado e recompensador, e se torna uma verdadeira obsessão, com a mente em permanente ligação com o ser amado, provocando dilatação das pupilas, aumento da pressão arterial, elevação brusca da temperatura corporal, tremura das mãos e sensações constritoras do plexo solar.
Acontece que o ser humano se desgasta profundamente com a paixão, porque ela age diretamente em todo o seu plexo físico e, principalmente, no seu psiquismo, o que faz com que a pessoa se apresente como obsidiada por uma força fatal que a leva ao delírio e ao desinteresse até da própria vida. Por isso, à semelhança de uma chama, sob as regras do instinto de conservação, ela tende a se apagar rapidamente, pois, pelo desgaste que provoca no organismo, o ser apaixonado entraria em colapso. Pesquisadores até estipularam como prazo máximo de uma paixão o período de três anos.
Vários pesquisadores classificaram as diversas formas de paixão:
- INFERIORES ou SENSÍVEIS – As que são causadas pelo desregramento da afetividade, contrapondo-se à razão, gerando um estado de delírio ou de vertigem, com reflexos nas funções biológicas, sempre com ações nefastas. Nesta classificação estão as paixões pela comida, pela bebida, pelo sexo e pela excelência.
- SUPERIORES ou RACIONAIS – De boa natureza e fecundas, exaltam o que há de melhor em cada um de nós e exacerbam o desejo do Homem a ultrapassar-se de forma permanente, como as paixões pela busca do que é verdadeiro, pela produção do que é belo, pelo progresso do Bem e da Justiça.
Sob a visão religiosa, paixão significa a passividade, o ato de sofrer, de suportar a dor física e moral. Por isso, nos Evangelhos, encontramos a dolorosa paixão de Cristo, a descrição do sofrimento por que passou o Divino e Amado Mestre Jesus desde a prisão até sua crucificação.