Personalidade
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O Homem tem seu aspecto palpável – o corpo – e seu aspecto sensível, mas impalpável – a psique ou manifestações psicológicas – compondo a sua personalidade, o modo de ser, agir e reagir que caracteriza a conduta de um ser humano e o distingue de qualquer outro, revelando-se, pois, através da figura física e do comportamento do Homem.
É a organização dinâmica, no indivíduo, dos sistemas psico-físicos que determina o seu comportamento e o seu pensamento característicos, com base em heranças inatas, existentes em sua bagagem transcendental, e nas reações de sua percepção com relação ao Universo que o cerca, influenciada por sua educação, sua cultura, o meio em que vive, família, sociedade, etc.
A própria origem da palavra personalidade está ligada aos personagens teatrais, já que se refere ao espírito encarnado dentro de um personagem que irá viver seu papel na vida que escolheu, para reajustar e resgatar dívidas de outras vidas. No imenso teatro da Terra, cada espírito encarnado vive seu papel, seu personagem, sua personalidade apenas uma vez, porém mantendo sua individualidade, que forma as características de seu espírito.
Na Epístola aos Hebreus (9, 27), Paulo revela: “E assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o Juízo!” Isso porque a personalidade é única em cada existência, com seu nome próprio, suas características e com seu comportamento influenciado pela educação e ambiente psicossociais.
Enquanto a personalidade é transitória, variando de acordo com o papel que o espírito encarnado assume no seu drama universal, a individualidade é permanente e eterna, progredindo, estacionando ou até mesmo regredindo em razão da Lei de Causa e Efeito que rege sua realização cármica.
A individualidade é eterna e se reveste de inúmeras personalidades, uma em cada existência. A energia mental é própria da individualidade, enquanto o intelecto é da personalidade.
Quando o Homem tenta modificar sua personalidade, mudar seu comportamento, fora dos objetivos de seu espírito, entra em um quadro de angústia, gerando uma situação transitória ou auto-aniquilante. Para que a exteriorização da personalidade se faça em harmonia com o espírito, o ser humano tem que desenvolver sua mediunidade a fim de que, através do conhecimento e da utilização prática desse conhecimento na Lei do Auxílio, possa evoluir seu espírito.
Por isso, na Doutrina do Amanhecer, temos como base a ampliação da nossa individualidade e a minimização de nossa personalidade, buscando a personalidade mediúnica, dentro do constante aprendizado, para melhor conduzirmos nossos trabalhos.
Isso não significa que queiramos ser santos. Sabemos que o Homem não tem condições de se santificar, pois gera energia magnética animal através de seu plexo físico, e essa ideia só leva ao desequilíbrio.
Devemos, sim, buscar vencer os equívocos de nossa personalidade procurando não anulá-la ou renegá-la, mas tentando sintoniza-la, através dos conhecimentos doutrinários, com a Espiritualidade Maior, de forma que nossos potenciais de ação e de crescimento, de realização e aprendizado sejam plenamente acionados pela nossa energia mental, iluminando a nossa alma.
Tem sido aplicado, de forma experimental, o eneagrama, que compreende um conjunto de nove tipos de personalidades, que se confrontam de acordo com o fluxo:
- EGO 1 – determinante: IRA – características: exigente; autocrítico; severo; desvaloriza o prazer e supervaloriza o dever; falta de espontaneidade; julga-se mais educado e civilizado que os demais; metódico; organizado; perfeccionista; com sentido do correto, do justo e da medida certa; ideologia corretiva; justiceiro; dominante; intolerante; rígido; bem intencionado; moralista; ressentido; agressividade controlada; austero; ideologia pacifista; cabeça dura; escrupuloso.
- EGO 2 – determinante: ORGULHO – características: não submisso; rebelde; superprotetor; sensibilidade táctil; impaciente; voluntarioso; bondoso, carinhoso; atrevido; impulsivo; adulador; altivo; imaginativo; fantasioso; exagerado; emocional; dramático; histriônico; teatral; orgulhoso; seguro de si; não convencional; carente de carinho; empático; sedutor; aventureiro; impulsivo; inconsequente; atração pelo luxo; possessivo; carinhoso; carente; adulador de si mesmo; fantasioso, imaginoso; mistura realidade e fantasia.
- EGO 3 – determinante: VAIDADE – características: sempre alerta; ligado; desejo de sobressair; eficiente; ativo; brilhante; boa presença; progressista; valorização da eficiência e dos resultados; afetado no trato; tendência a aparentar; busca do êxito e do brilho; intolerância no fracasso; desejo de agradar; superficialidade; conflitos de identidade; superficialmente empático; independente e controlador; racional/calculista; chispante; uso da sedução generalizada para enaltecer seu próprio valor; mede-se pelo que faz, produz ou aparenta.
- EGO 4 – determinante: INVEJA – características: má imagem de si mesmo; fácil sofrimento; frustrado; invejoso; sensível; intenso; inseguro, com sentimentos de inferioridade; sentimento de ser especial e merecedor de trato diferenciado; refinado; supervalorização dos outros e desvalorização de si mesmo; dependente; nostálgico; frustrado emocionalmente; reclamador; pessimista; sensibilidade artística; sujeito ao sentimento de rejeição e de abandono; esforçado; pena de si mesmo; competitivo; envergonhado.
- EGO 5 – determinante: AVAREZA – características: distanciamento; controle afetivo; sentimento de torpeza; mesquinho; avarento; introvertido; fechado; rebeldia intelectual; concorda por fora, tendo internamente suas opiniões; sentimentos de culpa e tendência a carregar culpa; pouco envolvimento; evita comprometer-se; tímido e arredio; reservado; independente interiormente; econômico; frio/vulnerável; solitário; meio esquisito/peculiar; tendência à abstração generalizada, evitando o concreto; medo de ser tragado; observador.
- EGO 6 – determinante: COVARDIA – características: auto-acusação; culpa; leal e desconfiado; necessidade de segurança para sair da dúvida; conflitos internos; irônico; sarcástico; pensamento obsessivo; compulsivo; angústia; ansiedade; medo de enganar-se; medo de compromissos afetivos; medo de ser frágil e vulnerável; ação inibida pela dúvida; defensivo para não se sentir acovardado; desconfiado; oscilação entre autoritarismo e submissão; impositivo; precavido; alerta; desconfiado; com permanente preocupação com perigos ocultos.
- EGO 7 – determinante: GULA – características: persuasivo; convincente; falante; astuto; idealista; indulgente; tolerante; serviçal; rebeldia não explícita; busca o prazer e a comodidade; atração pelas fronteiras do conhecimento; racionalizador; explica e justifica tudo; evita o contato com o vazio interior através de ideias e planos; quer ter autoridade intelectual e dar a última palavra; dificuldade de renúncia ao que excita e dá prazer; busca do prazer; sedutor; criativo; de tiradas imaginosas; alegre; simpático; esperto; busca atalhos vantajosos.
- EGO 8 – determinante: LUXÚRIA – características: desconsiderado; astuto; duro; agressivo; intenso; luxurioso, impulsivo; tendência ao exagero; prático; preguiça para abstrações intelectuais; atração pelo poder; autônomo; desprezo à fraqueza; direto; sem piedade com os vencidos; verdadeiro; generoso; magnânimo; aproveitador; cínico com valores estabelecidos; hedonista; intolerância à frustração; cumplicidade com marginais; dominante; avassalador; atropela e passa por cima dos outros; pouco sensível; explorador, pouco escrupuloso.
- EGO 9 – determinante: PREGUIÇA – características: superadaptado; busca de comodidade harmônica; evita conflitos; pensamento prático e concreto; desconexão; atenção dispersa; resignação; pouca interioridade; muito fazedor de coisas; modesto; tendência a viver a vida dos outros; rotineiro; convencional; hábitos regulares; abnegado; sentido comum; bom senso; descrença; falta de sutileza; jovial; amistoso; dificuldade de centrar em si; disperso; passividade agressiva; rotineiro; sabedoria proverbial; ações automáticas; simplismo.
A finalidade do eneagrama é esclarecer a pessoa sobre seus limites, impostos pela sua educação no lar, na escola, na sociedade e na religião, e propiciar condições para vencê-los, melhor estruturando sua personalidade. As determinantes são termos que significam um desvio da personalidade, no sentido original grego, com sua carga de características a serem analisadas e revistas, com vistas a que a pessoa consiga conscientizar-se do que precisa modificar em sua própria trajetória.
PERSONALIDADE MÚLTIPLA – É a ocorrência de espíritos que disputam um mesmo corpo físico, cada um agindo independentemente do outro, assumindo o controle em condições e momentos diferentes, impondo diversas personalidades. Um exemplo histórico foi o caso conhecido como “As Três Máscaras de Eva”, em que uma mulher tinha três personalidades totalmente diversas, caso estudado pela Ciência e largamente divulgado na segunda metade do século XX.
Segundo o Dicionário de Psicanálise, de Elizabeth Roudinesco e Michel Plon (Jorge Zahar Editor), trata-se de distúrbio da identidade que se traduz pela coexistência, num sujeito, de duas ou várias personalidades separadas entre si, cada uma das quais pode assumir, alternadamente, o controle do conjunto dos modos de ser do indivíduo em questão, a ponto de fazê-lo levar vidas duplas. Essa noção tem sua origem no magnetismo, provindo de concepção pré-freudiana. Está ligada aos fenômenos de sonambulismo, espiritismo e automatismo mental.