Xamanismo - Acervo Koatay 108

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Xamanismo

               
      O Xamanismo foi largamente difundido no norte da Ásia e por toda a América. É o mais antigo sistema de tratamento do conjunto corpo-alma. Os estudiosos remontam seu aparecimento há mais de trinta mil anos, antes das antigas religiões universais, e é interessante notar que, apesar da grande distância entre seus praticantes, como, por exemplo, esquimós do Alasca e indígenas do Brasil Central, sua aplicação e métodos são muito semelhantes. Essencialmente, o Xamanismo é uma manipulação de energias direcionada à alma. Xamã - termo de origem Tungu - é o mestre dessa manipulação, que utiliza uma Ciência trazida pelos Equitumans, que foi sofrendo muitos desvios através dos tempos. Um ramo do Xamanismo - a benzedura - é a manipulação de forças telúricas, especialmente a ação dos elementais, em que se usa uma ou mais formas de orações para a revitalização dos chakras, principalmente para tratar crianças que não têm condições de se defenderem conscientemente. É a benzedura um conceito antigo de cura que compreende três sistemas da antiga Medicina: o mágico, o teológico e o naturalístico. O Xamã tem o poder de abandonar conscientemente o seu próprio corpo, alcançando outros planos e encontrando outros espíritos, bem como ceder seu corpo para a manifestação de outro espírito. É preparado, em sua tribo, depois de demonstrar suas aptidões, sendo instruído por outro Xamã e por mestres que lhe ensinam as tradições religiosas do seu povo. Quando está pronto, recebe uma iniciação, passando por provas que, simbolicamente, implicam em sua morte e ressurreição. Após iniciado, assume quatro funções:
a) CURANDEIRO - sabe como reconduzir de outros planos a alma da pessoa doente e refazer a força vital, curando e aliviando dores;
b) SACERDOTE - dirige os rituais e os sacrifícios para o bem-estar da tribo (por exemplo, nos povos Esquimós, o Xamã desce até o fundo dos mares e consegue, com acertos com a “Mãe das Focas”, assegurar pesca abundante);
c) GUIA DE ALMAS - acompanha o espírito do desencarnado até à sua nova morada;
d) VIDENTE - verifica fatos futuros, podendo prever ataques de tribos inimigas, descrevendo seus movimentos e até a quantidade de guerreiros que estejam ameaçando sua tribo. Pelo Xamanismo, podia-se fazer a troca de alma de um corpo para outro - o avatar -, permitindo que o espírito tivesse uma longa permanência na Terra.
    Com o declínio da cultura Equituman, uma parte apenas dessa Ciência permaneceu em poder dos Grandes Sacerdotes das tribos mais antigas, que, mesmo com pequena e desvirtuada parcela do conhecimento, mas com atividades fundamentais na preparação de oferendas para propiciar boa caça e colheitas, para rituais de agradecimento por benefícios recebidos e celebrações de fatos agrícolas e astrológicos e, em especial, nos trabalhos de cura, passaram a dominar seus povos pelos grandes fenômenos que produziam. Passaram a ser os guardiões da sabedoria ancestral de manipular os elementos da Natureza, principalmente para a cura do corpo físico. Por toda a América, os índios aprenderam a lidar com esses poderes, mantendo em suas culturas uma linha que poucas deturpações sofreu. Na região do Xingu, o pajé aplica o Xamanismo eficazmente em diversas situações: na doença, na guerra, na caça e na agricultura. Seu poder é imenso, e isso faz com que domine seu povo. Em todas as culturas nas quais este poder de cura sobreviveu, somente pela tradição oral, o Xamã - aquele que aplica o Xamanismo - passou a ser o responsável pelo equilíbrio físico e psicológico de seu povo, agindo como mediador entre o visível e o invisível, manipulando as forças do espírito e da alma para a cura e orientação de sua tribo. Tia Neiva, em reunião de 9.9.80,  contou que sabia de casos de trocas de almas, em que o Xamã passava a alma de um velho sábio para o corpo de um jovem guerreiro, em tribos do Xingu. Nos falou, também, da intromissão de uma alma em outro corpo, causando problemas de personalidade e atuando mais forte que uma possessão. Mas assegurou que a alma que recebeu suas consagrações não se desliga do perispírito.

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