Amor - Acervo Koatay 108

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Amor

               
         O amor, juntamente com a tolerância e a humildade formam os três reinos de nossa natureza. De origem divina, são as ações, e não apenas as palavras, que traduzem esse sentimento grandioso, fazendo com que o Homem eleve suas vibrações e consiga caminhar para o resgate de seus atos transcendentais.
         De modo geral, confundimos nossos atos de controle, desejo, ciúme, apego, paixão e ansiedade como sendo atos de amor. Isso não é amor! Amor é sentimento que indica pureza do espírito. O amor é espontâneo entre os espíritos mais evoluídos, proporcionando ternura, aconchego aos dois seres que compartilham o espaço físico e a emoção de suas almas.
         Viver e sofrer, ajudar e compartilhar, alegrar-se com a felicidade dos outros, perdoar e saber pedir perdão, dinamizar o amor no serviço aos necessitados, pela caridade, na Lei do Auxílio, enfim, viver com toda a intensidade a vida nas vidas, ampliando os próprios limites - são algumas das funções do amor.
         O amor é impulsionado pelos nossos esforços, que nos levam a superar as barreiras que criamos em nossa própria mente, por força de preconceitos e religiões, e tornam nossos atos reconhecidos. Por isso, não basta desejar amar: é preciso expressar nosso amor. Sem isso, nossa jornada se torna destrutiva para nós mesmos, abalando nossa estrutura e diminuindo nossa auto-estima. Com o maior respeito pela individualidade do ser amado, devemos nos entregar ao amor, à plenitude de suas necessidades de intimidade, proximidade, carícia e sonho, não importando a idade ou a aparência física, porque isso é ignorado pelos amantes que são dominados pelas emoções e prazeres dos atos amorosos, na sublime união de corpos e almas.
         Mira y López disse “Em presença do amor a pessoa ou coisa amada sofre ante o olhar do amante uma verdadeira transfiguração. O olhar amoroso vê qualidade e valores que permanecem ocultos ao olhar indiferente. O amor é, portanto, claridade e luz!”
         Segundo Tia Neiva, o amor corresponde a três fases:
      • AMOR ESPIRITUAL - o que o Homem traz impregnado em seu espírito, através das várias encarnações, aprimorando-se;
      • AMOR CONDICIONAL - o sentimento equilibrado por um débito transcendental, amor por nossas vítimas do passado e que hoje estão ao nosso redor, como cônjuge, pais ou filhos, familiares, enfim, espíritos encarnados para os reajustes cármicos; e
      • AMOR INCONDICIONAL - com tolerância, sem demagogia, sem resignação, nada esperando em troca, dando ao espírito plenas condições de lutar contra o sofrimento e contra as Trevas, usando toda a sua sabedoria e as suas forças dentro da Lei Crística - a Lei do Auxílio.
  
         O amor transforma o ódio em alegria. Não é uma simples emoção provocada por um impulso. É um sentimento que deve ser direcionado, corretamente, pela força de vontade e pela consciência. O amor é que nos permite compartilhar a alegria, a esperança e a felicidade. Devemos fazer da vida um ato de amor! Tudo o que fazemos com amor faz com que recebamos, dos elevados planos espirituais, um raio de Luz. Pela força do amor nós conseguimos muito mais do que aquilo que fazemos por imposições morais ou sociais, pelo dever ou pela razão, e até mesmo pela necessidade puramente instintiva. Para nós, Jaguares, o essencial não é nos preocuparmos com evitar o Mal mas, sim, amar, porque amando estaremos isentos do erro.
         Aceitar as pessoas, mesmo quando elas nos desapontam, quando se desviam do ideal que temos para elas, quando nos ferem com palavras ásperas ou ações impensadas - isso é amor!
         Devemos ouvir, não só pelos ouvidos, mas com nossa alma e nosso coração, as queixas e angústias, descobrindo entre as palavras corriqueiras e superficiais, a tristeza da insegurança e da solidão. Entender o coração dolorido que encobre seu sofrimento pela exteriorização da alegria simulada, do sorriso fingido ou das façanhas inexistentes - isso é amor!
         O amor sabe também perdoar, apagando as mágoas, as cicatrizes que a incompreensão e a insensibilidade gravam no coração ferido, extinguindo todos os traços de dor.
         O amor descobre os segredos e o valor da vida, mesmo os que estão relegados pela rejeição, pela falta de carinho, de compreensão e de aceitação, pelo cansaço das duras experiências vividas em acidentadas jornadas, pelo próprio nível espiritual e por seus débitos transcendentais.
         Quem ama, aprende a se sobrepor à sua própria dor, a seus interesses, ao seu orgulho e a suas ambições quando isso é necessário ao bem estar e à felicidade de alguém. Vive dentro da conduta doutrinária, sem mentiras e sem camuflar sentimentos, em vivência autêntica, cristalina e harmonizada.
         O amor elimina o exercício do poder entre os casais, desaparecendo a opressão e estabelecendo a perfeita harmonia de idéias, de compreensão e de ação. Quando não se consegue este clima, surge o sofrimento e o baixo padrão vital.
         Vive o Homem uma era de Ciência e Tecnologia avançadas, esquecido de que já viveu momentos iguais em outras vidas, em outras eras, que se perderam pela falta do amor. O amor não pode ser superado pelos avanços do conhecimento e da técnica e, ao contrário, tem que estar presente nas realizações do Homem, para que este se sinta realmente realizado. Sem amor, um lar ou uma fábrica, uma família ou uma universidade, perde sua luz, sua razão de existir, e, pela força da rotina e da insatisfação, vai-se acabando.
        Na realidade, no momento atual, neste primeiro decênio do Século XXI, vive o ser humano uma nova visão do amor, uma atualização para a união que se estrutura na individualidade, no respeito mútuo, na alegria e no prazer de estar junto, deixando a velha idéia da dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar. A mulher já não precisa se despersonalizar para se adaptar ao homem. Está terminando a ligação com elos de sobrevivência e se firmando a estrutura de parceria, do companheirismo bem equilibrado, da troca do amor de necessidades pelo amor do desejo sincero e das realizações. Acabou-se a ficção da dependência de duas metades para a realização de uma unidade: temos a convicção de que homem e mulher são duas personalidades inteiras e com sentimentos e idéias próprias que, pelo amor, se unem e, sem fantasias seculares, traçam seus caminhos de forma homogênea e harmoniosa, guiados pelos sentimentos avivados pela chama do amor.
         Escreveu Martin Bulber: “Numa conversa verdadeira, numa lição verdadeira, num abraço verdadeiro... em todos esses casos, o que é essencial ocorre entre eles numa dimensão acessível apenas aos dois... Se eu e outra pessoa (acontecemos) um para o outro, a soma não é exata. Existe um resto em algum lugar, onde as almas terminam e o mundo ainda não começou.”
         As vibrações de amor são portadoras das forças divinas, da energia que supera todas as outras, curando, ajudando, libertando. Manifestando-se nos atos carinhosos, na harmonia e no entendimento, na bondade e na compaixão, essas vibrações evoluem o ser humano em seu caminho para Deus.
         Em Mateus (XXII, 34 a 40), nos é dito: “Mas os fariseus, quando ouviram que Jesus tinha feito calar a boca aos saduceus, se reuniram em conselho. E um deles, que era doutor da lei, tentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é o grande mandamento da Lei? Disse-lhe Jesus: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o máximo e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os Profetas!”
         Assim, mostrou Jesus a importância do amor a si mesmo. Não o egoísmo, que só quer receber, só quer sua satisfação, mas sim o amor, que é dádiva, é doação. Quem não ama a si mesmo não tem condições de amar os outros.
         Na 1a. Epístola aos Coríntios (XIII, 1 a 7 e 13), conforme algumas traduções, Paulo escreveu: “Se eu falar todas as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver amor, sou como o metal que soa ou como o sino que tine. E se eu tiver o dom de profecia e conhecer todos os mistérios e o quanto se pode saber, e se tiver toda a fé, até o ponto de transportar montes, e não tiver amor, não sou nada! E se eu distribuir todos os meus bens em o sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, se todavia, não tiver amor, nada disso me aproveita. O amor é paciente, é benigno; o amor não é invejoso, não obra temerária nem precipitadamente, não se ensoberbece. Não é ambicioso, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre... Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estas três virtudes; porém, a maior delas é o amor!”. Esse trecho de Paulo, na maioria das traduções, aparece como “a caridade”, em lugar de “o amor”. Todavia, como a caridade é o amor em ação, fica válida a citação.
         O amor de nossos corações nos permite receber, em toda a plenitude, a ajuda espiritual para os nossos trabalhos com nossos irmãos encarnados e desencarnados.
         O amor é a energia de cura em sua maior potencialização e poderosa arma para a transformação de tudo o que estiver ao nosso alcance.
         Geralmente estamos incapacitados para amar a nós mesmos e isso gera emoções ligadas a falsas percepções de humilhação, rejeição e abandono que nos levam a estados de enfermidades, a ansiedades, alienações e solidão.
         O amor é união, é relacionamento com alguém, com algum lugar, com algum objeto, e, na sua forma incondicional, se relaciona com o Eu, com o Universo e com o próprio Deus!
         Por estudos realizados pela Sociedade Americana de Fisiologia, em 2005, os cientistas concluíram que as sensações intensas relacionadas com o amor se alojam no centro do cérebro, região responsável pelo sistema de recompensa cerebral.
         Tia Neiva dizia que feliz era quem tem um amor sincero, alguém ligado ao seu coração e ao seu espírito, porque até mesmo os espíritos negativos respeitam os eflúvios de amor que cercam uma pessoa, seja esse amor de uma mãe, de um irmão ou de um companheiro.
         Até mesmo nossos reencontros com espíritos encarnados ou desencarnados devem ser guiados pelas emissões de amor, atendendo ao que nos ensinou Ezequiel (XVIII, 23): “Não quero a morte do ímpio, mas sim que o ímpio se converta e se salve”! E esta conversão só se faz pela vibração positiva do amor.
         Segundo Annie Besant, o amor pode ser direcionado em diversos níveis:
      • dirigido aos que estão abaixo de nós, é piedade, compaixão ou benevolência;
      • dirigido aos que estão no nosso nível, é amizade, paixão ou afeto; e
      • dirigido aos que estão acima de nós, é reverência, adoração ou devoção.
  
         Nos ensinou o Dalai Lama que, "se existe amor, há também esperança de existirem verdadeiras famílias, verdadeira fraternidade, verdadeira igualdade e verdadeira paz. Se não há mais amor dentro de você, se você continua a ver os outros como inimigos, não importa o conhecimento ou o nível de instrução que você tenha, não importa o progresso material que alcance, só haverá sofrimento e confusão no cômputo final. O Homem vai continuar enganando e subjugando outros Homens, mas insultar ou maltratar os outros é algo sem propósito. O fundamento de toda prática espiritual é o amor. Que vocês o pratiquem bem!".
         Da autoria de Múcio Teixeira: "Sob leis de Luz ou Treva / Na vida, seja onde for, / O espírito só se eleva / Se vive na Lei do Amor!"
         Segundo Perls, “Amor apaixonado, NÓS não existe, mas é composto de EU e TU, é uma fronteira sempre móvel onde duas pessoas se encontram. E quando há encontro, então eu me transformo e tu também te transformas!...”
         Madre Teresa da Calcutá, espírito luminoso que trouxe um exemplo de vida dedicada à Lei do Auxílio, ensinou: Distribua amor onde for e em sua própria casa! Ame seus filhos, sua mulher ou seu marido, o vizinho do lado... Que ninguém se aproxime de você sem que se sinta melhor e mais feliz ao se afastar. Seja a expressão da bondade divina: bondade na sua face, em seus olhos, no seu sorriso, bondade na sua saudação calorosa...
         Devemos ficar atentos para o surgimento de uma raiz possessiva, de intensidade crescente e progressiva, que se torna verdadeiro tormento para os amantes: o CIÚME, que instala a tirania de uma pessoa sobre a outra, o que resulta no rompimento da harmonia da consciência amorosa, pelo medo da perda obscurecendo a mente e fazendo o surgimento e ampliação progressiva de uma energia negativa poderosa que vai destruindo os vínculos do amor. O casal de amantes é perturbado pelas atitudes agressivas de um, que tornam o outro uma vítima das agressões. Um exige, o outro é exigido em conseqüência de falsas ilusões e fraquezas emocionais, que tornam a convivência muito desgastante em face do surgimento de mágoas, dores e raivas que vão destruindo o casal. O ser humano tomado pelo ciúme torna-se uma fonte terrível de energias negativas e vai provocando sua auto destruição.
         A vida atual, com atitudes liberadas, nas áreas profissionais e sociais, para homens e mulheres, vem fazendo com que haja intensas perturbações nas uniões de amantes por força de conflitos emocionais. Wilhelm Reich editou uma obra genial em que se baseia o atual tratamento de diversos problemas físicos e emocionais, intitulado “A Revolução Sexual”, e explica aquele título: As perturbações mentais, entre as quais o embotamento do pensamento racional, a resignação, a vassalagem, etc. são manifestações de uma harmonia perturbada da vida vegetativa, especialmente da sexual, provocada pela mecanização social”.
         Na religião e no amor unirás todas as pérolas, e com elas enfeitarás o caminho onde, um dia, caminharás junto a quem tanto suspiras!” (Pai Seta Branca, 30/12/78)
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