Perdão
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Foi dito que parecemos animais quando matamos, parecemos homens quando julgamos e parecemos Deus quando perdoamos. Tertuliano disse: “Você quer ser feliz por um instante? Vingue-se. Você quer ser feliz para sempre? Perdoe!”
Perdoar é desculpar, redimir as faltas que sofremos por palavras e ações de outras pessoas ou até de nós mesmos, superando os sentimentos perturbadores de vingança, desforras e ódio que são gerados pelas agressões sofridas. Demonstra a paz interior e a segurança que cria a confiança em nós mesmos, evitando o amargo desconforto com as atitudes hostis de que somos vítimas.
Nossa cultura costuma nos ensinar que o perdão é o que anula o pecado, a culpa. Atos pequenos resolvem-se com uma simples desculpa. Coisas mais graves, só com o perdão.
Quem não sabe perdoar, por causa de seu orgulho ou de sua vaidade, pode estar desperdiçando sua reencarnação. Nossa jornada, neste plano, é curta e rápida, e não podemos desperdiçar nossa energia com queixas e faltas, acusando ou criticando nossos irmãos. Devemos nos lembrar daqueles que nos fizeram algum mal ou se disseram nossos inimigos apenas para lhes perdoar pelos seus atos, porque, na verdade, eles foram instrumentos de mais um teste que a Espiritualidade fez conosco a fim de verificar em que níveis estão nossa tolerância, nosso amor e nossa humildade.
Corajoso é aquele que, ao invés de revidar o golpe recebido, usa sua força para perdoar – e esquecer, porque é preciso entender que, dos planos espirituais, recebemos a força para perdoarmos e a coragem para esquecer todo o mal que nos chega, restaurando nossa harmonia e nossa paz interior. E temos que fazer do perdão uma atitude permanente em nossa existência. Assim como o desejo de vingança nos torna inferiores aos que se dizem nossos inimigos, o perdão nos eleva e projeta nossas vibrações positivas que, na maioria dos casos, aplaca o ódio das discórdias.
O perdão é o sinal de que fomos tocados por nossos Mentores, que recebemos diretamente a Luz de nosso Pai.
Mas o perdão tem que ser pleno, total, isto é, não existe o perdão quando não conseguimos esconder nossos ressentimentos, nossa raiva, remoendo a violência em nosso íntimo e revivendo as sensações desagradáveis que passamos.
Segundo Francisco de Assis, “Não podemos pedir a Deus perdão pelos nossos erros se antes não tivermos perdoado a quem cometeu algum mal assim como nós. O perdão exige o esquecimento de todas as afrontas. Aquele que perdoamos com a palavra, devemos perdoá-los, também, com a mente e o coração!”
Temos convivido com vítimas que dizem ter perdoado seus ofensores, mas, na verdade, só existe uma vontade de perdoar e não o perdão autêntico.
O perdão não significa aceitação e nem aprovação dos atos ou palavras desencadeadas, mas, sim, desculpar, de coração, as ofensas que nos foram feitas, reconhecendo que aquele que nos ofendeu não estaria em condições de fazer algo diferente, por pressões psicológicas, por educação ou por efeito de alguma proximidade espiritual de baixo padrão vibratório.
Assim, para efetivamente perdoarmos, não podemos abrigar rancores nem ressentimentos por aquele que nos ofendeu, física, moral ou espiritualmente, apagando nossa angústia e os nossos temores, eliminando qualquer impulso de vingança.
O perdão é sempre dificultado pelo orgulho, que nos impede de raciocinar na linha de desculpar ofensas contra nós. É dessa forma que se formam os grandes cobradores espirituais, que desencarnam perdidos em suas amarguras e desejos de vingança, sendo dominados por estas vibrações e posturas mentais que os levam às situações de angústias e transtornos dolorosos, que terão que ser trabalhados em sucessivas reencarnações para aliviar a força negativa e modificar tais desastrosos sentimentos.
Por isso devemos praticar a RESILIÊNCIA, a denominação dada à propriedade de um corpo, que esteja deformado por ação de uma força negativa armazenada em seu íntimo, retornar à forma original quando cessar a tensão causadora da deformação elástica. Temos que, pelo perdão real e total, superar as tragédias e as nossas dores emocionais, deixar o papel de vítima, e retomar nossa caminhada, liberando as cargas negativas e criando as condições favoráveis para nos tornarmos positivos e termos nossa mente livre de queixas e julgamentos.
Sabemos, na nossa Doutrina, que o perdão é o maior sentimento da caridade para com o nosso próximo e para conosco mesmo. Todo aquele que sabe perdoar é porque traz, dentro de si, amor, tolerância e humildade. Sem ressentimentos e sem orgulho, o Jaguar que sabe perdoar está longe de ser um fraco, pois tem sua mente elevada e seu padrão vibratório é luminoso, porque entende que o mundo não é como ele imagina e que as pessoas têm seus momentos de fraqueza e de cobranças, desencadeando passagens marcantes em nossas jornadas.
No Sermão da Montanha, base da Doutrina Crística, Jesus nos ensinou a Prece Universal, onde diz (Mateus, VI, 9): “… Perdoa as nossas dívidas se nós perdoarmos os nossos devedores…” Em Mateus (XII, 31 e 32), Jesus fala aos fariseus: “Digo-vos, pois: Todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos Homens; porém, a blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhes será perdoada. E todo o que disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoada; porém, o que a disser contra o Espírito Santo, não terá perdão nem neste mundo nem no outro!”, e, em Lucas (XXIII, 34), descrevendo a crucificação: “Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!…”
O ato de perdoar tem conotações muito pessoais, das quais se salientam a eliminação das mágoas e ressentimentos que se agregam ao nosso ser quando sofremos um ataque verbal ou agressões, que podem influir em nossa energia mental e alterar nosso padrão vibratório de forma negativa, se não forem eliminados. Na Epístola de Tiago (1-19 a 21) temos: “Todo Homem, pois, seja rápido para ouvir, cuidadoso para falar, lento para se irritar. Porque a ira do Homem não produz a justiça de Deus. Portanto, despojando-vos de todas as impurezas e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.”
Segundo a filosofia budista, para o sofrimento existem três pontos básicos: ignorância, apego material e ira, que podem sofrer importante redução se aprendermos a perdoar, o que nos conduz à felicidade.
Perdoar é uma decisão que nos transforma ao longo de nossa missão, acima de nossos medos e de nossa sombra, modificando nosso comportamento, uma vez que passamos de indefesas vítimas a poderosos agentes da nossa realidade, manipulando poderosas forças vitais e mentais em nosso próprio benefício e em benefício de irmãos encarnados e desencarnados que são alcançados por nossas vibrações positivas. Ferir e errar são próprios de qualquer ser humano – perdoar é uma dádiva dos espíritos evoluídos e iluminados.
Até mesmo nossas faltas graves, que em muitas linhas são consideradas como sendo pecados, têm a possibilidade do perdão, pois, segundo Ezequiel (XVIII, 23): “Não quero a morte do ímpio, mas sim que o ímpio se converta e se salve”! Mahatma Gandhi ensinou: “Perdoar é um sinal de grandeza e a vingança é um sinal de baixeza!”
Devemos nos cuidar para resolvermos situações embaraçosas e conflitantes antes de desencarnar, para que nosso espírito não carregue consigo, para os planos espirituais, o peso e os compromissos assumidos pela falta do perdão libertador. Aliás, essa situação pode prolongar a existência no plano físico, dando oportunidade para que seja feito o resgate das mágoas e angústias daquele que não aprendeu a força do perdão. Segundo Meimei, “Agora, talvez, poderás censurar os erros dos semelhantes. Amanhã, porém, mendigarás o perdão dos outros pelos teus desatinos…”
É importante entender que o perdão não é apenas valioso para a saúde espiritual, mas, sim, para ajudar o nosso corpo físico, pois, como já com estudos em algumas universidades internacionais, quem tem o dom de perdoar as ofensas recebidas mantém em bom funcionamento sua circulação sanguínea, suas artérias e evita doenças cardíacas.