Verdade
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Quando conseguimos estabelecer uma relação entre o pensamento e o ser real das coisas e nossa energia mental consegue apreender o que uma coisa é, temos a verdade, isto é, apreendemos que pela inteligência podemos conhecer o que uma coisa é ou não é, estabelecendo uma adequação entre nossa mente e o ser.
A isso chamamos a verdade lógica, aquela que cada um de nós experimenta e nos convence, individualmente.
Por isso a verdade é uma experiência única, pessoal, difícil de ser compartilhada, mas, como disse Hamlet: “Faça com que você mesmo seja verdade!”
Existe a verdade moral, quando há perfeita concordância entre o que se pensa e o que se diz ou se faz.
A verdade absoluta é Deus!
O caminho para a verdade é o juízo feito com perfeição, a crítica ponderada e honesta que conduz ao perfeito conhecimento do objeto ou do ser. Ir conhecendo as verdades é a grande missão do Homem, pois a verdade é uma propriedade transcendental de cada ser.
Todavia, considerando-se a pluralidade de individualidades e a força das personalidades, há que se considerar a existência de muitas “verdades” em torno de um ente, o que torna flexível e, portanto, mutável aquele conceito. Cada ser humano se julga dono de muitas verdades, mas poucos buscam o caminho da Verdade Absoluta.
Em Mateus (VII, 24-27) encontramos: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as observa, será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela não caiu, pois estava edificada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as observa, será comparado a um homem néscio, que edificou sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e foi grande a sua ruína!”
Jesus é a Verdade Absoluta e, pois, a Doutrina Crística contém todos os ensinamentos que o Divino Mestre nos trouxe, para que cada um de nós construísse sua casa, sua vida, com bases sólidas, sobre a rocha da Sabedoria, do Amor, da Tolerância e da Humildade. Mas é difícil, para nós, com nossa tendência ao menor esforço, à acomodação e sob influência de irmãozinhos que não querem nosso progresso, aceitar os compromissos que a Verdade nos desvenda.
A Verdade tem sido, sempre, a primeira vítima dos conflitos do Homem, durante toda a sua História, sendo moldada e escravizada em função de diversos interesses humanos, que plasmam filosofias e religiões de acordo com seus próprios interesses.
Por isso, fora do campo filosófico, buscamos a verdade moral, da consciência da conduta doutrinária, no conhecimento e compreensão de nossa sensibilidade, pelo relacionamento e observação, especialmente, dos ensinamentos de Jesus.
Segundo João (I, 17): “A Lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.”
Para nós, a verdade significa justiça e honestidade, que vamos descobrindo dentro de nós mesmos, aprendendo a pensar, falar e agir de acordo com a realidade dos seres e das coisas.
Um grande filósofo hindu, Krishnamurti, escreveu: “O Homem não pode chegar à verdade através de nenhum credo, de nenhum dogma, sacerdote ou ritual, nem através de nenhum conhecimento filosófico ou técnica psicológica. O Homem tem que alcançá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão do conteúdo da sua própria mente, através da observação e não da análise intelectual”.
Gautama Buda ensinava aos seus discípulos: “Não se deixem levar pelos relatos dos outros, pela tradição, nem pelo que vocês ouvem dizer. Não se deixem enganar pelo domínio intelectual das escrituras, nem pela mera lógica ou dedução, nem pela reflexão sobre alguma visão. Nem pelo fato de que o asceta que expõe tal visão seja o instrutor de vocês. Sigam apenas aquilo que vocês sabem e experimentam em sua própria consciência interior.”
Quando não é o caminho da Verdade, uma doutrina ou religião conduz o Homem à limitação de sua mente, ao apego material, à insatisfação e à acomodação.
A Verdade nos protege de qualquer influência que pretenda obscurecer nossa Luz e atrasar nossa jornada, fazendo com que possamos distinguir sentimentos e sensações sem sermos enganados pelos véus das ilusões.
Ainda segundo João (XVIII, 37), narrando o diálogo de Jesus com Pilatos: “Disse-Lhe então Pilatos: Logo, Tu és rei? Respondeu Jesus: Tu o dizes. Eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, para dar testemunho da verdade: todo o que é da verdade ouve a minha voz!”
Já em XIV, 5 e 6, João relata: “Disse-Lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais e como podemos nós saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai senão por Mim!”
Considerando a multiplicidade de inteligências e sentimentos, há que se concluir que, sobre a Natureza e o Universo, encontramos diversas verdades, de natureza material ou lógica, e por isso não temos como nos considerar donos da verdade, pois vemos as coisas sob aspectos e ângulos diferentes, presos ao nosso conjunto individual formado pelos condicionamentos, tendências, índole, natureza e posição.
Um filósofo nos advertiu: “Não creia na metade do que você ouve; não repita metade do que você crê; quando ouvir uma notícia negativa, divida-a por dois, depois por quatro… e não diga nada sobre o restante dela!”
A Verdade não pode ser institucionalizada, sob o risco de deixar de ser verdade e se tornar outra coisa qualquer, como uma simples crença, como vemos acontecer na atualidade com muitas correntes religiosas e políticas, que se perdem das suas origens pelas interpretações dogmáticas, pelos interesses pessoais e pelo mercenarismo, que cerceia a justiça social e a liberdade de agir e pensar do Homem.
Quando alguém se recusa a perceber a Verdade, cai no abismo da ignorância, e começa a ter dificuldades nos diferentes processos de aprendizado, com reflexos negativos em sua percepção sensorial e mental. Assim, o Homem deve ter liberdade e consciência para buscar a sua Verdade pelo crescimento intelectual e desenvolvimento espiritual, e a única Verdade é a que buscamos em nossa Doutrina, revelada por Jesus, a Luz do Mundo, nos Evangelhos, que nos pode iluminar em nosso caminho e na nossa missão, se soubermos acolhê-la em nossos corações, obedecendo à nossa conduta doutrinária.
Em nossa jornada, neste plano físico, em muitas ocasiões nos julgamos em difícil posição para dizer a verdade, e, neste caso, devemos fazer correta avaliação do que pode e até que ponto deve ser revelado. Podemos omitir, e não mentir, dizendo apenas o que for possível, evitando conflitos e discórdias que só complicarão a situação.
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