Sexo - Acervo Koatay 108

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Sexo

               
      O sexo distingue homem e mulher de macho e fêmea, pois estes têm, na Natureza, sua finalidade voltada para a reprodução das espécies, sendo o sexo apenas um instinto impulsor da procriação.
      Mas, com a modificação do instinto em sentimento, através da evolução espiritual, o ser humano chegou à noção atual de que sexo não é sujeira, não é pecado, não é anormalidade, entendendo que o sexual é o mais poderoso de todos os instintos, fazendo com que a humanidade se sinta mais realizada na liberação de suas forças sexuais.
      Há, também, algumas discussões sobre a sexualidade do indivíduo, sobre a luta íntima para caracterizar o homem ou a mulher, questões que permitem uma série de estudos, reflexões, teorizações, que vêm alimentando uma grande parcela da Humanidade.
      Na verdade, o grande movimento global de tudo que envolve o ser humano tem gerado algumas soluções e muitas confusões, principalmente no que diz respeito ao sexo e assuntos correlatos, levados às variadas mentes pelo massificante impacto da mídia, que aborda das mais diferentes formas tão importante tema.
      O sexo é expressão da potencialidade humana, atividade intuitiva e atávica que estimula os impulsos criativos da vida. Há milênios, na Índia, o tantrismo já revelava o equilíbrio das energias sexuais, e representava essa harmonia precisa com a união do deus Shiva com a deusa Shakti, o que se pode ver nas inúmeras representações de uniões existentes no templo de Khajurao. A deusa Shakti representa a força kundalini, que, ativada, vai se completar e satisfazer com a força de Shiva, no chakra da hipófise.
      Por isso temos que encarar com seriedade as múltiplas pressões sobre como e quem deveríamos ser para nos enquadrarmos nos conceitos de macho e fêmea. Isso já é feito pela série de preconceitos que, desde tenra infância, nos sufoca. Ignorando todos os reais sentimentos da criança, os pais e outros adultos criam os tipos corretos para ser um homem ou uma mulher, desprezando os sentimentos íntimos de cada espírito ali reencarnado.
      Temos, então, que aprender a lidar com o masculino e o feminino existente em cada um de nós, com equilíbrio e consciência, ouvindo o nosso próprio íntimo e livres de comparações, provações e estereótipos. Isso fará com que possa florescer a nossa real natureza, e estaremos mais equilibrados, felizes e realizados. Vamos aprender a ouvir o nosso coração e a deixar que nossa própria consciência nos guie nesta vida.
      Na Bíblia, no Gênesis, 3, é relatada a queda do Homem: “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à Mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a Mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à Mulher: É certo que não morrereis! Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do Bem e do Mal! Vendo a Mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de ambos e, percebendo que estavam nus, coseram folhas da figueira e fizeram cintas para si.”
O que a Bíblia nos apresenta é uma passagem cheia de simbolismos, mas que, à primeira vista, já nos deixa perplexos diante de certas afirmações:
  • "animais selváticos" – se todos estavam irmanados no Éden, não haveria, certamente, uma separação de selváticos ou não selváticos;
  • "abriram-se os olhos" – a expressão significa, apenas, conhecimento;
  • "coseram folhas de figueira" – se não havia vestimentas, já saberiam eles usar instrumentos para costura?
  • Na verdade, o Éden foi o paraíso da ignorância, onde o Homem vivia ainda sob os instintos dos demais seres inferiores, e o fruto do recebimento de seu plexo etérico, a partir de quando ganhou o livre arbítrio e, consequentemente, a responsabilidade por seus atos, pelos quais faz seu aprendizado do que é bom e do que é ruim para si mesmo. O fruto da árvore proibida foi o conhecimento, o despertar da consciência, pela qual o Homem passou a ter uma sensibilidade do bem e do mal, tornando-se o único responsável pelos seus pensamentos, palavras e ações.
      O pecado original é um dos dogmas do catolicismo e marca a criança com a culpa de sua concepção e sua tendência para o mal. Ainda em Ezequiel (XVIII, 20) foi dito que: “A alma que tem pecado morrerá ela mesmo; o filho não sofrerá pela injustiça cometida pelo pai e o pai não sofrerá pela injustiça do filho!” Isso nos demonstra como a Igreja Católica buscou manter a submissão de seus membros e manter o poder de sua autoridade com base em dogmas distantes da verdade.
      Os dogmas foram reforçados por explicações nada convincentes sobre a gravidez de Maria e a isenção de pecado original em Jesus. Seria muito mais acolhida a ideia de que Maria e José eram um casal normal, com relacionamento baseado em amor, e que Maria já fora, no espaço, preparada para gerar um grande mestre, em que viria a este plano um Espírito de plena Luz, que traria a transformação da Humanidade.
      As especulações e os variados entendimentos que aquele fato trouxe para todos os setores culturais e sociais, a partir do Século XIV, fez com que, em dezembro de 1854, o então Papa Pio IX instituísse o “Dogma da Imaculada Conceição de Maria” no qual estabeleceu: “Com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original. Essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente criada por todos os fiéis.”
      Como, com todo o esclarecimento que o Espiritualismo nos traz, podemos aceitar que haja algum pecado em uma concepção fruto do amor e da compreensão das vidas passadas, do carma e da oportunidade que cada um de nós tem para progredir pela grandeza de uma reencarnação?
      Temos, no episódio da expulsão do Éden, a revelação do início da nova vida do Homem e a descoberta da Kundalini, representada pela figura da serpente, e sua ação despertando a força vital sexual, ampliando o conhecimento. A serpente simboliza a percepção material do Homem, porque ela se arrasta pelo chão e tem sua maior percepção no tato (na pele e na língua). Sua importância nas filosofias e religiões se acha presente através dos tempos, nos textos e figuras orientais e com representações da serpente em templos – como o da Serpente Emplumada, em Teothiuacan, no México – e em pirâmides – como em Chitzen-Itza, no Yucatan, México, ou presente nas coroas dos faraós. No texto do 7º do Terceiro Sétimo há uma alusão a essa representação: Jesus, consola-me a serpente que criaste, má na força vital, porém significativa.
      Aquela passagem bíblica originou a ideia do pecado original nas mentes preconceituosas dos Homens, provocando, até hoje, traumas e conflitos. Na jornada sob as ideias judaico-cristãs o ato sexual foi estigmatizado como pecado e perigoso para nossa alma. Pelo progresso espiritual e libertação de ideias, hoje temos que o contato sexual é fundamental função da natureza humana, sendo o Homem e a Mulher seres conscientes das forças que ali manipulam.
      Com papel preponderante na constituição da personalidade do ser humano, o instinto sexual supera os de nutrição e de autopreservação.
      Como todo potencial, deve o sexo ser equilibrado e orientado, para evitar graves consequências psicossociais e físicas, pois envolve a totalidade dos campos de emissão e recepção de energia dos parceiros envolvidos em uma relação. Desajustes na vida sexual acarretam insatisfações pessimismo, ciúmes, dúvidas, timidez e incertezas, que geram neuroses e atitude derrotista diante da vida.
      Pelo ajuste da atividade sexual, a pessoa passa a se sentir confiante, feliz, porque seu organismo estará em pleno equilíbrio de suas forças psicofísicas.
      O renomado cientista Wilhelm Reich concluiu suas profundas investigações com o psiquismo humano dizendo que na liberdade, na totalidade do amor, nos cruciantes problemas humanos, o sexo desempenha papel relevante na técnica do tratamento aos portadores de queixas físicas, problemas emocionais e aspectos negativos que se expressam nas distorções do corpo, da mente e da alma. Disse ele que “as perturbações mentais, entre as quais o embotamento do pensamento racional, a resignação, a vassalagem, etc., são manifestações de uma harmonia perturbada da vida vegetativa, especialmente da sexual, provocada pela mecanização social”.
      Hoje, pela globalização dos conceitos e ideias, temos que fazer bem clara a diferença que existe entre sexo e amor. Confunde-se “fazer sexo” com “fazer amor”, quando existe uma relação bem diferenciada, pois o sexo tem muito a ver com o plexo físico, com as sensações, enquanto o amor se apresenta como um dos mais nobres sentimentos, dos quais o sexo é importante componente e, segundo pesquisadores, tem sua área de ação no cérebro, numa região destinada aos mais fortes estímulos.
      Nos chakras básico – no homem – e esplênico – na mulher – se relacionam o senso de realidade, a ligação com a Terra, a sexualidade e os instintos de sobrevivência. Ali é a sede das energias denominadas Kundalini – o Fogo Serpentino, principais energias de criação, manifestação e construção da consciência superior. São o centro sexual para os homens e mulheres, e armazenam tensão. Bem equilibrados, liberam tensões, permitindo que talentos de vidas passadas possam aflorar, dando estabilidade emocional e sensação de bem estar e equilíbrio.
      A Kundalini flui por dois condutos curvos e serpenteantes: solar: uma corrente de tom amarelo que se inicia no vórtice do testículo esquerdo do Homem ou no ovário direito da Mulher; e lunar: a outra, avermelhada, que começa no testículo direito do Homem ou no ovário esquerdo da Mulher. Serpenteiam pela coluna, fazendo cruzamentos nos espaços intervertebrais, e chegam ao cérebro, ativando, em sua passagem pela medula, as ligações com os chakras, através dos nós. Um prolongamento mais sutil atravessa a face, e vai terminar na área dos lábios, um na parte superior e outro no lábio inferior.
      Através de toda a sensibilidade individual, variando de uma pessoa para outra, existe a captação de estímulos, que determinam as zonas erógenas, em que existe maior grau de excitação sexual. Além dos pontos comuns, tais como a glande, no Homem, e o clitóris, na Mulher, existem pontos sensíveis que, com mais intensidade, ativam a Kundalini. Até hoje, no início do Século XXI, muitas teorias controversas procuram generalizar o Ponto G, na mulheres, que é o responsável pela excitação em elevado grau, provocando profundo orgasmo. Os lábios, com seus terminais sensitivos, também têm a excitação erótica, o que se revela no efeito dos beijos na boca.
      A educação tradicional, arraigada a discriminações sentimentais e imposições de falsa moral, forma no ser humano a erotização da dominação e da violência no relacionamento sexual, que vai crescendo deste a infância, passando pela puberdade, adolescência e se projetando na fase adulta, formando uma sociedade violenta e egoísta, que sofre pela incapacidade de viver uma real parceria, com equilíbrio e satisfação sexual.
      O chakra esplênico é o centro sexual das mulheres, responsável pela maternidade e pelo fluxo prânico de maneira geral. Embora o prana flua por todo o corpo, este chakra é responsável pela distribuição central da energia prânica e sua perfeita vibração leva ao aumento da criatividade, equilíbrio emocional e maior realização nos relacionamentos íntimos. Seu desajuste causa tensões, raiva e repressão sexual.
      Por força da evolução da cultura humana, o sexo, no passado não muito distante, era considerado um tabu social, com os pais considerando que a ignorância nesse campo protegia a castidade, favorecia o amor mais sublime e o cavalheirismo, ficando a sociedade em condições de melhor preservar o matrimônio.
      A partir dos anos 60, deixou de ser um tabu para passar a verdadeira onda na sociedade, com estudos, conselhos, inúmeros livros de auto-ajuda, advertências, com ampla utilização das mídias e, principalmente, visando a prevenção das doenças sexualmente transmitidas – especialmente da AIDS – um ponto permanente de discussão.
      Um aspecto muito importante é o relacionado com a mediunidade. Estudos estão demonstrando a influência que a sexualidade tem nos fenômenos mediúnicos. Foram relatados inúmeros casos em que casos inexplicáveis de forças desequilibradas que provocavam movimentação de objetos, combustão espontânea, e chuva de pedras nos telhados, eram produzidas por indivíduos que estavam sob alguma forma de frustração sexual, tendo sido normalizados após o equilíbrio físico e emocional do sexo.
      Em muitos casos a própria mediunidade exarcebada se normalizou pelo simples fato de uma ligação sexual bem equilibrada. Por isso, não é necessário se privar do sexo para se estar preparado para a realização de trabalhos mediúnicos.
       A educação sexual passou a ser ministrada nas escolas a um público infantil ou adolescente, e alguns filósofos adotaram teorias de que o sexo seria a chave da saúde e da felicidade, implantando a ideia de que as pessoas devem ser estimuladas pela busca do prazer individual, sem vínculos com a afetividade.
      A mídia, principalmente eletrônica, invadiu lares e exagerou na liberdade de temas e cenas sexuais, despertando, nas crianças e nos adolescentes, preocupações e curiosidades sobre o assunto, ao mesmo tempo banalizando o sexo, gerando confusões e imagens deturpadas que podem afetar profundamente as relações do jovem com sua própria sexualidade.
      Como sabemos que o equilíbrio é uma das principais metas de nossa existência, devemos encarar o sexo como poderosa força individual que deve ser conhecida, equilibrada e controlada para nosso bem-estar, que tem profunda ligação com nossos conceitos de amor, carinho e paixão, acima das reações do erotismo e pornografia que nos chegam, continuamente, pelos meios de comunicação e reuniões sociais.
      O desejo sexual é uma das grandes perturbações do ser humano, e é preciso um grande controle da mente consciente para neutralizar sua ação animal, uma vez que é intensamente estimulado pelo comportamento erótico da sociedade atual, em que a mentalidade, desde cedo, é direcionada para o sexo livre, com exemplos e sugestões em programas televisivos, filmes, livros, propagandas, reforçados pela exposição muitas vezes atrevida do corpo.
      Uma perfeita união sexual no plano físico dá equilíbrio e harmoniza o Sol Interior, fazendo com que os desejos e aspirações unam as individualidades pelo amor liberado pelas personalidades, o que faz ampliar o conhecimento entre os parceiros, dando-lhes maior afinidade intelectual e, assim, melhor sintonia pela sensibilidade e maior aprofundamento do mútuo relacionamento. Antigos manuais de magia já descreviam o ato sexual como cheio de poderes mágicos, inclusive o de produzir um fruto digno do toque divino: uma nova vida.
      Isso proporciona as condições ideais para que um casal possa evoluir junto, porém mantendo cada um seu crescimento individual.
      O sexo sem amor é um grande desperdício, porque se torna um ato egoísta, levando os parceiros à irrealização e mágoas.
      Uma ligação que se faça baseada só no plano físico, apenas no egoísmo da satisfação sexual é pouco duradoura. Este é um caminho que pode levar ao vampirismo, tão inconscientemente divulgado, representado pela ligação entre indivíduos com grande diferença de idade.
      Quando o sexo se torna um complemento do amor, se transforma em fonte de satisfação e de realização.
      Ninguém pode ter vergonha por se apaixonar, por se sentir estimulado sexualmente. O sentimento de culpa por se ter um desejo sexual é diretamente responsável por inúmeras dificuldades emocionais, atingindo, especialmente, a auto-estima.
      Mas é preciso que o casal se sinta bem, se vá libertando da vergonha e do medo, que vá aumentando o seu nível de envolvimento, o que requer um conhecimento a cada vez mais amplo das zonas erógenas, dos bloqueios, das sensações e das expectativas, tanto do homem como da mulher, lembrando que o ato sexual não é competição física, nem exibição pessoal e, sim, um momento mágico de envolvimento de dois seres que se amam e se realizam com a capacidade de proporcionar, reciprocamente, o prazer.
      O desequilíbrio da energia sexual pode levar o espírito desencarnado a buscar uma fonte entre os seres vivos que tenham impulso incontrolável pelo sexo, sugando parte da energia gerada em seus atos sexuais e, até mesmo, transformando-se em verdadeiros vampiros, demônios machos – íncubos – e fêmeas – súcubos – capazes de possuir sexualmente seres humanos.
Segundo o Dicionário de Psicanálise, de Elizabeth Roudinesco e Michel Plon (Jorge Zahar Editor), temos os seguintes destaques de ocorrências no âmbito sexual:
  • ÉDIPO – O complexo de Édipo é a representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo. Essa representação pode inverter-se e exprimir o amor pelo genitor do mesmo sexo e o ódio pelo do sexo oposto, que é denominada Édipo invertido. Aparece entre os 3 e os 5 anos de vida, declinando num período chamado de latência, e sua resolução após a puberdade concretiza-se num novo tipo de escolha de objeto.
  • FETICHISMO – Termo empregado na sexologia para designar quer uma atitude da vida sexual normal, que consiste em privilegiar uma parte do corpo do parceiro, quer uma perversão sexual (ou fetichismo patológico), caracterizada pelo fato de uma das partes do corpo (pé, boca, seio, cabelos) ou objetos relacionados com o corpo (sapatos, chapéus, tecidos, etc.) serem tomados como objetos exclusivos de uma excitação ou um ato sexuais. Em 1905, Freud atualizou o termo, primeiro para designar uma perversão sexual, caracterizada pelo fato de uma parte do corpo ou um objeto ser escolhido como substituto de uma pessoa, depois para definir uma escolha perversa, em virtude da qual o objeto amoroso (partes do corpo ou objetos relacionados com o corpo) funciona para o sujeito como substituto de um falo atribuído à mulher, e cuja ausência é recusada por uma renegação.
  • NARCISISMO – Uma forma de fetichismo que consiste em se tornar a própria pessoa como objeto sexual, isto é, o amor de um indivíduo por si mesmo.
  • PERVERSÃO – Termo que designa, ora de maneira pejorativa, ora valorizando-as, as práticas sexuais consideradas como desvios em relação a uma norma social e sexual. Desde meados do século XIX, o saber psiquiátrico incluiu entre as perversões práticas sexuais tão diversificadas quanto o incesto, a homossexualidade, a zoofilia, a pedofilia, a pederastia, o fetichismo, o sadomasoquismo, o travestismo, o narcisismo, a coprofilia, a necrofilia, o exibicionismo, o voyeurismo e as mutilações sexuais. O termo foi alterado, em 1987, pela psicanálise mundial, passando a ser relativo a práticas sexuais nas quais o parceiro ora é um sujeito reduzido a um fetiche (pedofilia, sadomasoquismo), ora o próprio corpo de quem se entrega à parafilia (travestismo, exibicionismo), ora um animal ou um objeto (zoofilia, fetichismo). A perversão se inscreve, juntamente com a psicose e a neurose, numa estrutura tripartite.
  • SADISMO – Termo criado por Richard von Krafft-Ebing, em 1886, inspirado no Marquês de Sade, para designar uma perversão sexual – pancadas, flagelações, humilhações físicas e morais – baseadas num modo de satisfação ligado ao sofrimento infligido ao outro.
  • SADOMASOQUISMO – Freud formou o termo a partir de sadismo e masoquismo para designar perversão sexual baseada num modo de satisfação ligado ao sofrimento infligido ao outro e ao que provém do sujeito humilhado. Por extensão, esse par de termos complementares caracteriza um aspecto fundamental da vida pulsional (veja pulsão), baseado na simetria e na reciprocidade entre um sofrimento passivamente vivido e um sofrimento ativamente infligido.
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