Pecado
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Geralmente, o termo pecado é usado para definir a transgressão de preceitos religiosos, morais e sociais, sendo inerente aos espíritos menos desenvolvidos, com padrão vibratório muito negativo e gerando aura densa, propiciando, por afinidade, a atuação do Vale das Sombras. É, na verdade, o exercício de uma ação livre, originada na sede do “Eu”, que se opõe à própria Natureza e à Lei Crística, determinando, pela Lei de Causa e Efeito, retorno com perturbações do equilíbrio, da harmonia e, consequentemente, com sofrimento.
Desde os tempos bíblicos, o pecador era aquele que violava o costume dominante, que perturbava a ordem da comunidade.
O sentido de pecado não existe na nossa Corrente. Para nós, o pecado é uma transgressão da Lei Divina, vindo a ser, por extensão, algo contrário à moral, à ética e à sociedade. Mas também é a demonstração de uma involução que se torna sujeita à evolução. É uma ação contra Deus, quando o pecador ofende ou atinge alguém protegido de Deus.
Sabemos que tudo decorre de situações criadas pela individualidade e que são projetadas na personalidade, sendo, assim, deficiências do estágio espiritual do indivíduo, induzidas por sua própria mente ou sugestionadas por cobradores.
Entretanto, através de várias parábolas, como a do Filho Pródigo e a da Ovelha Perdida, Jesus faz bem clara a alegria da recuperação de um pecador. A Espiritualidade se rejubila com a conversão de um pecador.
O pecado difere do simples erro porque é consciente. A pessoa sabe que está errada, sua consciência a acusa, mas, por diversos motivos, ela continua vivendo a sua transgressão.
É a grande dificuldade de se encontrar a estreita porta da Vida Eterna, e o grande atrativo para a porta da Morte, atraente e enganadora, estimulante dos sentidos e inibidora da razão e dos sentimentos. Até mesmo nossas faltas graves, que em muitas linhas são consideradas como sendo pecados, têm a possibilidade do perdão, pois, segundo Ezequiel (XVIII, 23): “Não quero a morte do ímpio, mas sim que o ímpio se converta e se salve”!
Não é fácil libertar o pecador. Muitos trabalhos, muitas vibrações direcionadas a ele, tudo ajuda mas é preciso que ele mesmo se conscientize de seus erros para, então, começar a se aproveitar de qualquer ajuda.
A decisão de não reincidir no erro, feita de forma sincera e perante um Mentor, podem aliviar a transgressão.
Fala-se do pecado original, atribuindo-se a este a culpa da relação sexual que deu origem à vida do ser humano. Ora, se a multiplicação das espécies foi determinada pelo próprio Criador, que mal poderia advir do cumprimento da Lei? Na realidade, considera-se pecado original a carga de nossos erros e faltas cometidos em vidas anteriores, que compõem o carma da nova reencarnação, para nosso aperfeiçoamento.
Na verdade, o Éden foi o paraíso da ignorância, onde o Homem vivia ainda sob os instintos dos demais seres inferiores, e o fruto do recebimento de seu plexo etérico, a partir de quando ganhou o livre arbítrio e, consequentemente, a responsabilidade por seus atos, pelos quais faz seu aprendizado do que é bom e do que é ruim para si mesmo. O fruto da árvore proibida foi o conhecimento, o despertar da consciência, pela qual o Homem passou a ter uma sensibilidade do bem e do mal, tornando-se o único responsável pelos seus pensamentos, palavras e ações.
O pecado original é um dos dogmas do catolicismo e marca a criança com a culpa de sua concepção e sua tendência para o mal. Ainda em Ezequiel (XVIII, 20) foi dito que: “A alma que tem pecado morrerá ela mesmo; o filho não sofrerá pela injustiça cometida pelo pai e o pai não sofrerá pela injustiça do filho!” Isso nos demonstra como a Igreja Católica buscou manter a submissão de seus membros e manter o poder de sua autoridade com base em dogmas distantes da verdade.
Os dogmas foram reforçados por explicações nada convincentes sobre a gravidez de Maria e a isenção de pecado original em Jesus. Seria muito mais acolhida a ideia de que Maria e José eram um casal normal, com relacionamento baseado em amor, e que Maria já fora, no espaço, preparada para gerar um grande mestre, em que viria a este plano um Espírito de plena Luz, que traria a transformação da Humanidade.
As especulações e os variados entendimentos que aquele fato trouxe para todos os setores culturais e sociais, a partir do Século XIV, fez com que, em dezembro de 1854, o então Papa Pio IX instituísse o “Dogma da Imaculada Conceição de Maria” no qual estabeleceu: “Com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original. Essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente criada por todos os fiéis.”
Como, com todo o esclarecimento que o Espiritualismo nos traz, podemos aceitar que haja algum pecado em uma concepção fruto do amor e da compreensão das vidas passadas, do carma e da oportunidade que cada um de nós tem para progredir pela grandeza de uma reencarnação?
São considerados atualmente cinco tipos de pecados, com os quatro primeiros obedecendo à tradição cristã, principalmente da Igreja Católica Romana, ficando o quinto tipo por conta de transgressões sociais na era moderna:
- A) Pecados veniais – São assim classificados os pequenos pecados ou faltas leves, dignos de desculpa, tais como um xingamento ou um palavrão. Por sua pequena alteração, esta transgressão pode ser facilmente perdoável por Deus ou por quem foi sua vítima.
- B) Pecados capitais ou mortais – Com punições precisas em diversas linhas, são considerados como sérias transgressões aos princípios religiosos, sendo marcados pela maldade e crueldade de quem os pratica e que fica, assim, sujeito aos severos julgamentos da Espiritualidade. Foram listados pelo Papa Gregório I, líder do Catolicismo de 03/09/590 a 12/03/604:
- AVAREZA – Apego demasiado ao dinheiro e às coisas materiais, preocupando-se com coisas efêmeras, pensando somente na garantia de segurança da sua existência efêmera, leva o Homem à avareza, gerando a falta de generosidade e a mesquinhez. É o amor descontrolado pelas riquezas, especialmente pelo dinheiro, causando o apego à posse do dinheiro por si mesma. Tem três componentes básicos: um interior – o apego desordenado – e dois exteriores – a busca sôfrega e a retenção tenaz. Opõe-se à prodigalidade e à virtude da liberalidade. Estimula a ligação que escraviza os espíritos, após o desencarne, com objetos e outros valores puramente materiais aos quais se apegaram quando ainda em vida, provocando dores e sofrimento. Jesus nos preveniu sobre a avareza, dizendo que: seja qual for a abundância em que o Homem se encontre, sua vida não depende dos bens que possua!
- GULA – Satisfação descontrolada do sentido do paladar e apego excessivo à comida e à bebida. O Homem fica escravo das lautas refeições, exagerando na quantidade e na qualidade da sua alimentação, desperdiçando tempo e dinheiro na satisfação de suas exigências alimentares. A gula gera degeneração da sensibilidade espiritual e euforia descontrolada.
- INVEJA – Pesar ou desgosto pela felicidade e realizações dos outros e desejo violento de possuir bens de outras pessoas ou receber honrarias e prêmios conquistados pelos outros. Induz o Homem a ficar triste com o bem ou a se alegrar com o mal de seus irmãos, levando-o a atos desastrosos, a destruir vidas e faz com que ele busque anular ou inutilizar os esforços de progresso moral e material daqueles que estão ao seu redor. A inveja é poderoso veneno que destrói a mente por sua própria vibração: aquele que é invejoso, ao desejar a queda de seu irmão, emite uma vibração de ódio que, pela Lei de Causa e Efeito, a ele retorna, com a mesma intensidade, fazendo com que sua vida se torne um rosário de dores. Complexado e desajustado, o invejoso tenta destruir o que seu irmão conseguiu, o que ele gostaria de conseguir mas não tem capacidade nem força de vontade para tal. O invejoso é o Homem sem potencial e sem confiança que deseja, apenas, ver-se livre daquele que, a seu ver, obstrui sua personalidade vazia. Não admite que alguém realize alguma obra de valor, que alguém se destaque, enfim, só pensa em sua própria projeção. A inveja é uma falha na própria individualidade, que se projeta na personalidade, fazendo com que o Homem se torne incapaz de assimilar as condições básicas de convivência e de fraternidade.
- IRA – Cargas de ódio, raiva, indignação, rancor, desejos de vingança – características de um sentimento negativo que impele o indivíduo a causar ou desejar mal a alguém, propensão muito acentuada nos espíritos de baixo padrão vibratório para a violência e a vingança. É uma reação violenta e desordenada para com pessoas, animais, seres inanimados e objetos, que são causadores de algum tipo de contrariedade para quem emana o ódio. Este sentimento é altamente prejudicial para o próprio ser, causando seu aviltamento e traduzido por palavras, gestos e pensamentos pouco dignos, moralmente condenáveis, levando a tristes quadros. Quantos espíritos desencarnam no ódio, e ficam presos, por suas próprias vibrações, em pesadas camadas, vibrando naqueles a quem odeia, muitas vezes se transformando em elítrios e perdendo várias encarnações pela cegueira de que são acometidos. Cobradores e obsessores vivem nestas baixas vibrações, e muitos são atraídos pela energia emanada pelo Homem encarnado que vibra seu ódio, complicando seu quadro e gerando fantástica força negativa, de alto poder destruidor.
- LUXÚRIA – Dissolução de costumes morais, devassidão, corrupção, gerando assédios sexuais e prostituição. Uso diversificado das funções sexuais, buscando tão somente um sentimento erótico-emotivo, afastado da razão e da pureza do sexo natural e harmônico. Tradicionalmente incluem-se como espécies de luxúria: fornicação, estupro, rapto, adultério, incesto, sacrilégio, onanismo, masturbação, homossexualidade e bestialidade. Com o desenvolvimento de estudos modernos, a lista diminuiu, por conta do aprofundamento dos componentes psicodinâmicos de cada um desses tipos de atividade sexual. Separada dos sentimentos do espírito, a luxúria revela apenas aspectos do desvio sexual, que passa a ser apenas atividade instintiva.
- SOBERBA – Arrogância, orgulho excessivo, presunção, sentir-se superior aos demais, olhar todos como se estivesse muito acima deles. É o amor desordenado de si mesmo, que produz uma vibração extremamente negativa, impedindo o sentimento de solidariedade e de compaixão. Tem, conforme suas características, diversas formas de manifestação:
- presunção – julgar-se acima do que realmente é;
- ambição – perseguir honras e posições indevidas;
- vanglória – exibicionismo da própria excelência, real ou imaginária;
- vaidade – a preocupação com a exibição ostensiva de coisas de pequena importância;
- jactância – exagero das palavras na ação de feitos reais ou imaginários;
- ostentação – exagero das ações e demonstrações de riquezas materiais; e
- hipocrisia – simulação de virtudes e sentimentos.
- VAIDADE – Embora incluída entre as formas de soberba, a vaidade assume destaque como um pecado largamente difundido. É o desejo imoderado de atrair a atenção dos outros; presunção de quem pensa que está conquistando admiração e homenagens. O vaidoso se acha o mais sábio, o mais bonito, o mais correto, o melhor em tudo, constituindo-se no caminho mais fácil para os abismos profundos. Estimulando a vaidade, nossos cobradores conseguem influenciar nossos espíritos de forma extremamente negativa. Vemos mestres que só trabalham se estiverem no comando, ninfas que só comparecem aos rituais onde irão fazer emissão e canto, médiuns que, esquecidos da natureza espiritual de suas missões, se prendem somente aos aspectos físicos de suas atuações, perseguindo classificações e posições de destaque na Corrente, sem consciência das qualificações realmente necessárias para ocupar esses postos. Atuam somente no plano horizontal, esquecidos da Espiritualidade com que teriam que se ligar no plano vertical, que exige a simplicidade, a humildade e a perfeita conduta doutrinária.
- Em 11 de março de 2008, o Papa Bento XVI divulgou uma nova lista de acréscimos à original de PECADOS CAPITAIS, incluindo:
- Experimentos científicos em seres humanos;
- Manipulação genética
- Acúmulo excessivo de riquezas
- Geração de fatos que causem empobrecimento
- Injustiça social
- Poluição ambiental
- Tráfico e consumo de drogas.
- C) CONTRA A NATUREZA – Reúne as ações cometidas contra a lei natural e social, difíceis de serem perdoadas em face do mal que causam não apenas a somente uma pessoa, mas, de modo geral, à coletividade. Em ordenamento por sua gravidade, temos:
- O HOMICÍDIO – doloso, voluntário, isto é, quando há a intenção de matar;
- A DEPENDÊNCIA QUÍMICA – em todas as suas variedades;
- A DESTRUIÇÃO – proposital da Natureza, com crimes ambientais;
- A OPRESSÃO – aos humildes, à pobreza, com assédios de várias naturezas;
- A OMISSÃO – de cumprir com suas obrigações sociais, principalmente no uso do trabalho escravo e no não recolhimento de benefícios de empregados.
- D) CONTRA A ESPIRITUALIDADE – São as transgressões das Leis Espirituais, de forma consciente e maléfica, que o indivíduo pratica e divulga, por questões pessoais, independentemente de alguma forma de obsessão, por vaidade e ambição, buscando denegrir os ensinamentos Crísticos, e tornando-se elemento de ação do Vale das Sombras, formando grupos e organizando associações em bases inteiramente falsas e preconceituosas, e até mesmo violentas e nocivas ao ser humano e à sociedade.
- E) PECADOS SOCIAIS – Contemplam as falhas do indivíduo no seu âmbito social, com comportamento repreensível, prejudicando a si mesmo e à sua família, que não atentam contra a Espiritualidade, de forma direta, mas geram ambientes pesados, lesivos ao espírito, e que dificultam a evolução daquela individualidade. Como exemplo, citamos:
- APATIA – A indolência pela falta de energia, a indiferença, impassibilidade e insensibilidade diante de ações e acontecimentos que envolvem as pessoas, quando o espírito perde seu discernimento, tornando a alma insensível ao sofrimento e à dor.
- CINISMO – Posição de antagonismo radical e ativo aos valores culturais em vigor, baseada no discernimento de que é impossível conciliar as leis e convenções morais e culturais com as exigências de uma individualidade amante da natureza. Gera impudência, desfaçatez, descaramento e falta de vergonha.
- CRUELDADE – Prazer em praticar o mal, atormentar ou prejudicar as pessoas, insensível ao sofrimento alheio, desumano, cruel, com posições duras e rigorosas.
- DESTRUIÇÃO – Ações determinantes para destruir, demolir, arruinar e aniquilar o que está construído, funcionando, especialmente determinações sociais.
- EGOÍSMO – Ter apego e amor excessivo ao bem próprio, sem considerar os interesses alheios, tornando-se presunçoso e orgulhoso, impondo seu interesse individual como princípio explicativo dos preceitos morais e como base diretora da conduta humana moral.
- HIPOCRISIA – Simulação de virtudes e valores que, na realidade, o indivíduo não possui, agindo com fingimento e falsidade para enganar à sociedade e à família.
- INDIFERENÇA – O desprezo, o desinteresse pelos acontecimentos à sua volta, demonstrando insensibilidade moral, apatia e inconsciência doentia;
- INTOLERÂNCIA – Aquele que não aceita, discorda violentamente de preceitos morais, políticos e religiosos, não aceitando opiniões diferentes das suas;
- TRAIÇÃO – São atos cometidos com deslealdade, tanto em atuações sociais como morais, em que o indivíduo se mostra pérfido e desleal, perigoso com enganosa aparência de seguro e leal.
Nas linhas orientais, como o Budismo, por exemplo, existem preceitos que caracterizam os vícios que se assemelham, na ideia de pecado:
- os três vícios físicos – matar, roubar e ter comportamento sexual impróprio;
- os quatro vícios verbais – mentira, tendência para a discórdia, palavras cruéis e discurso incoerente; e os três vícios do espírito – a cobiça, as más intenções e os juízos equivocados.